Wagner Teodoro

Do habitat das zebras


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Habitat natural de zebras no "bioma" do futebol brasileiro, a Copa do Brasil chegou às oitavas de final limando qualquer resultado que desafiasse os prognósticos. Apesar de Cruzeiro e Bahia terem precisado de penalidades para eliminarem Remo e Azuriz, respectivamente, e do Corinthians haver empatado o jogo de ida com a Portuguesa-RJ (zebra até no mascote), os times considerados favoritos na terceira fase avançaram.

Até o momento, já garantiram vaga nas oitavas de final América-MG, Athletico, Atlético-GO, Bahia, Botafogo, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Palmeiras, Santos e São Paulo. Portanto, 14 dos 16 clubes que disputarão os oito postos das quartas estão definidos. Atlético-MG x Brasiliense e Red Bull Bragantino x Goiás vão determinar as duas equipes restantes. O Galo tem larga vantagem de 3 a 0 e dificilmente vai permitir uma aparição da nossa amiga listrada. Já entre Bragantino e Goiás (2 a 1 para o Braga na ida) não há resultado que seja zebra.

Enfim, os times considerados favoritos se impõem depois de vários passeios da zebra nas fases anteriores com eliminações de Grêmio para Mirassol, Vasco frente à Juazeirense, além de Avaí diante do Ceilândia e de vitórias da Lusa carioca em cima de CRB e Sampaio Corrêa.

Histórico de surpresas

A Copa do Brasil sempre reserva "surpresas" a cada temporada. Para ficar em exemplo recente, o Palmeiras foi eliminado pelo CRB no ano passado. Se recuarmos no tempo, chegaremos a campeões improváveis, como o Paulista, em 2005, Santo André, em 2004, Juventude, em 1999, e Criciúma, em 1991. Destes, apenas o clube gaúcho disputava a primeira divisão nacional no ano em que conquistou o título e, ainda assim, acabou rebaixado na mesma temporada.

São peculiaridades que um torneio mata-mata proporciona. Sempre há maior possibilidade do mais fraco surpreender. Entretanto, em 2022, já não é possível falar em zebra. Não há nenhum azarão nesta carreira. Fica, claro, a expectativa para o sorteio das oitavas, pois há forte possibilidade de grandes clássicos, afinal a competição já entra em seu momento agudo. E resta ver o que Cruzeiro e Bahia, os dois representantes da Série B, além do Atlético-GO, considerado o mais fraco entre os times da elite nacional qualificados, poderão fazer nesta fase.

De cabeça para baixo?

Se na Copa do Brasil os favoritos ratificaram a condição em campo na terceira fase, o Brasileirão começou desafiando previsões. Tudo bem, são apenas cinco rodadas (escrevo antes do início da sexta, neste final de semana). Mas, olhando a tabela, o G6 é, no mínimo, inesperado. Em um campeonato longo, de regularidade, os superfavoritos começaram oscilando. Palmeiras e Flamengo estavam mais próximos do Z4 do que do G6. E Atlético-MG, mesmo com um jogo a mais disputado, era "apenas" o sexto colocado.

Com uma temporada extremamente intensa, marcada por maratona de jogos, todas as equipes vêm sendo forçadas a implantar um constante rodízio de jogadores, fazendo valer, como nunca, a máxima de que é preciso mais do que time, é necessário elenco.

Repetindo: é apenas a constatação de um cenário curioso em um início de competição. Mas o G6 é bastante inesperado. Avaí, o mais surpreendente (deve brigar para não cair), América-MG e o próprio Santos (que não vinha bem e reage) não eram cotados em uma análise preliminar.

Quem mais vem se dando bem na rotação de atletas é o Corinthians, líder também improvável em boa parte das análises antes da competição. Eu penso que este Corinthians dá boa impressão, mas precisa ser realmente testado. Ainda é muito prematuro para apostar na equipe como postulante a título nacional.

Quanto tempo levará para que o Atlético-MG ganhe posições rumando para brigar diretamente pelo topo e para que Palmeiras e Flamengo, que gera desconfiança, avancem e ocupem posições no G6? Quem sairá do grupo de líderes? Ou a zebra passeará no Nacional?

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