
Antes apontados como alternativa às matrizes fósseis, hoje os veículos eletrificados (100% elétricos e híbridos) tornaram-se peça-chave na promoção da economia verde dos maiores blocos econômicos do planeta. E, mesmo depois de doze anos da introdução dos híbridos no Brasil, Bauru conta atualmente só com 260 veículos elétricos ou híbridos circulando nas ruas, segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-SP). Isso representa menos de 1% diante dos 167 mil carros da cidade.
O cenário não se distancia do restante do País, onde, apesar do crescimento, os veículos com propulsão total ou parcialmente elétrica ainda estão distantes das vendas dos motores à combustão. A falta de incentivos fiscais e um direcionamento nacional para combustíveis fósseis podem explicar o contexto (leia mais abaixo).
Os números da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) mostram que as vendas nacionais desses modelos saltaram de 117 unidades em 2012 (quando os dados passaram a ser compilados) para 34,9 mil no ano passado. Só no primeiro semestre deste ano, foram emplacados 20,4 mil veículos eletrificados no País. Enquanto isso, países como Alemanha já atingiram a marca de um milhão de unidades circulantes, segundo dados da própria ABVE. Em todo o bloco, a partir de 2035 serão vendidos somente carros elétricos. "A Europa acordou que estava atrasada na revolução da economia verde, na qual o carro tem um papel fundamental", avalia Adalberto Maluf, presidente da ABVE e diretor de marketing e sustentabilidade da BYD, fabricante chinesa de carros elétricos que no primeiro semestre deste ano superou a Tesla em número de unidades comercializadas. Ainda segundo Adalberto, 31,4% dos carros vendidos na China neste ano são elétricos.
Em Bauru, conforme levantamento do Detran a pedido do JC, eram 28 unidades elétricas ou híbridas em 2017, com aumentos sucessivos ano a ano, até alcançar as 260 unidades circulantes atualmente.
TRIBUTAÇÃO
Ainda de acordo com o presidente da ABDE, a falta de bons incentivos fiscais também dificulta as vendas dos veículos menos poluentes, especialmente por causa do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Para os híbridos e 100% elétricos, as alíquotas menores incidem sobre os veículos cuja eficiência energética é melhor, ou seja, não necessariamente sobre os carros mais baratos. De forma geral, as alíquotas de IPI variam de 5,3% a 16,3% (híbridos e 100% elétricos), embora sobre os automóveis a combustão fiquem entre 5,7% e 20,3%. Já no caso do PIS e Cofins, juntas, as alíquotas somam os mesmos 11,6%, independentemente da propulsão.