Não são tantos os estudos acadêmicos que tratam desta importante temática em nosso país, porém, do ponto de vista técnico e prático, são várias as pesquisas que têm reforçado frequentemente a tese de que quanto maior o nível de escolaridade das pessoas, maior a sua renda. O IBGE, por exemplo, em sua publicação anual Estudos e Pesquisas - Informação Demográfica e Econômica nº 44/2021 - "Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira", desenvolvida com base na PNAD Contínua 2020, demonstra que o nível de ocupação das pessoas com escolaridade superior completa é maior (74,8%), quando comparado aos demais níveis escolares: ensino médio completo ou superior incompleto (59,7%), ensino fundamental completo ou médio incompleto (41,7%), sem instrução ou fundamental incompleto (34,5%).
No dia 25 de julho último, foi veiculada na mídia televisiva em rede nacional, outra recente pesquisa, desta vez do Instituto Brasileiro de Economia - IBRE da Fundação Getúlio Vargas FGV RJ, retratando a retomada econômica no chamado "pós-pandemia", no que diz respeito ao mercado de trabalho, dentre outros. Os dados encontrados demonstram que, quanto menor o nível de escolarização do trabalhador brasileiro que se encontra desempregado, maior a dificuldade para o seu retorno ao mercado de trabalho, já que este tem se mostrado cada vez mais exigente em termos de escolarização e também de competências (conhecimentos, habilidades e atitudes).
Num seminário em que tivemos oportunidade de participar em julho deste ano, organizado pela Associação Brasileira das Mantenedoras de Educação Superior - ABMES e a Symplicity Brasil, foram apresentados resultados de uma pesquisa nacional inédita sobre empregabilidade dos recém graduados, os números são muito interessantes, vale a pena conhecer alguns deles e refletir a respeito.
A pesquisa foi aplicada entre os meses de fevereiro e abril deste ano, junto a 1.989 recém graduados de vários cursos de instituições de educação superiores das mais diversas regiões brasileiras, um tipo de amostra conhecida como não probabilística por julgamento. Dados muito interessantes surgiram, vamos a alguns deles e, porque não, pensar a respeito.
•68,63% dos respondentes estão no mercado de trabalho e 71% destes atuando na área de sua formação; •A média salarial dos recém egressos está em R$ 3.840,21, acima da média brasileira segundo dados do IPEA 2021, que era de R$ 2.548,00; •Em relação a renda, as maiores se concentram ainda na área de Computação: R$ 5.268,75, seguida por Engenharias, Negócios, Saúde, Direito, dentre outras; •A grande maioria dos recém egressos, 81%, continuam estudando.
Estes números por si só, nos permitem refletir sobre os motivos que levam as pessoas a dar continuidade aos seus estudos. Qualquer organização que imaginemos, de um pequeno negócio a uma grande empresa, passando pelos mais variados setores da economia e mesmo as públicas, são movidas, acima de tudo, pela inovação e pela qualidade dos produtos ou serviços que se propõem a entregar. Ora, sabemos que recursos financeiros, instalações e estruturas são importantes se queremos organizações mais competitivas, mas a inovação, a qualidade e o diferencial competitivo, só acontece por meio de pessoas qualificadas para esta jornada.
Mas é importantíssimo ressaltar algo do ponto de vista acadêmico que temos observado enquanto professores e pesquisadores, não é o diploma apenas que faz esta diferença, e sim as competências adquiridas pelos seus portadores com uma formação universitária de qualidade, que deve sempre buscar a formação do ser humano enquanto indivíduo, mas também prepará-lo para um mercado de trabalho em constantes disrupções e consequentemente cada vez mais exigente.
Os autores são professores do curso de Administração e Pesquisadores dos Grupos de Pesquisa Operações, Produção, Inovação e Produtividade e Administração de Marketing – Centro Universitário de Bauru – Instituição Toledo de Ensino – ITE.