Reflexão e Fé

O progressismo cristão

25/09/2022 | Tempo de leitura: 4 min

O 'cristianismo progressivo' é um movimento que está infiltrado e influenciando a igreja cristã no mundo. É um movimento que em síntese tenta reinterpretar a Bíblia Sagrada, reavaliar doutrinas apostólicas e redefinir princípios centrais da fé sistematizados ao longo de dois mil anos de existência. Ao se propagar como "cristão" o movimento conduz cristãos mal informados à uma visão adulterada de quem é Deus e de como opera bênçãos e salvação. Mas pode ser muito difícil detectar um nicho progressista, pois trata-se de um deslizamento sutil e imperceptível, a menos que se conheça alguns princípios básicos deixados por Jesus. Porque jamais irão se apresentar como: "Olá! Eu sou o seu amigo 'cristão progressista' e estou aqui para lhe influenciar com um evangelho diferente!".

NEGAÇÕES

Entre alguns pontos a destacar, frequentemente, esses tais se referem ao sacrifício de Jesus na cruz como desnecessário. A máxima de que Deus, o Pai celestial, exigira o sacrifício de seu Filho é avaliada como erro de interpretação bíblica. Para esses, mesmo se dizendo cristãos, a Bíblia é vista mais como um livro antigo de simples orientações existenciais do que um documento divino inspirado, inerrante e autoritativo; que seus autores são pessoas até bem-intencionadas, mas que estavam apenas se esforçando para entender o Criador nos tempos e lugares em que viviam, e não eram necessariamente inspirados pelo Altíssimo. Inclusive elas, as Escrituras, também são tidas como contraditórias, não digna de toda verdade. Quanto a esse assunto, por exemplo, o pecado original é totalmente rejeitado pelos adeptos progressistas. Não negam que o pecado exista ou que é uma coisa ruim, mas rejeitam o conteúdo bíblico que revela a natureza pecaminosa do ser humano. Na visão progressista, ele, o ser humano, é aceito e amado por Deus independente de seu estado insistente de profanação. Quanto a Jesus, ele é tão somente um modelo exemplar a ser seguido. A própria ressurreição do Cristo é considerada menos importante do que o aprendizado que se pode extrair da 'ideia vaga' da ressurreição. Inclusive objetam a divindade de Jesus e a doutrina da Trindade, além de flertar com o panteísmo, afirmando que o universo é Deus, que tudo é Deus - o que presumivelmente implica que Deus é de alguma forma dependente da criação.

AFIRMAÇÕES

Uma das marcas do 'cristianismo progressista' é a mudança nas questões de sexualidade e gênero. Há uma aceitação de relacionamentos e casamentos entre pessoas do mesmo sexo, uma 'fé' na validade do transgenerismo e uma rejeição do padrão cisgênero (identificação com o sexo biológico com o qual nasceu). Também a visão primária do céu e do inferno, no 'progressismo cristão' o que vale é o universalismo, que é a ideia de que ninguém irá para inferno nenhum, e que todos serão eventualmente salvos e restaurados na convivência eterna com o Criador. Alguns 'cristãos progressistas' ainda dirão que Jesus é o único caminho, mas acreditam que todos, independente do caminho que siga, será salvo, pois o evangelho não é reconhecido como as boas novas de Cristo que salva somente pecadores arrependidos. Em vez disso, questões de justiça e ação social, tornam-se o cerne do evangelho, com o que se faz sendo mais importante do que o que se crê. Porque a estrutura secular da teoria crítica é adotada, onde o mundo é visto através das lentes do oprimido versus opressor. Os adeptos desse pluralismo religioso defendem que todos os caminhos levam a Deus, e que nenhuma religião detém a verdade absoluta quando se trata de quem Deus é e como ele se revela ao mundo. Muitas vezes, os 'cristãos progressistas' alardeiam o mantra "Todo mundo tem um lugar à mesa", o que significa que todos os credos e religiões são verdadeiros à sua peculiar maneira e, as pessoas que os abraçam são igualmente salvas para a eternidade. Outra visão promovida no 'progressismo cristão' é o 'perenialismo', a ideia de que embora as diferentes religiões pareçam distintas do lado de fora, no fundo elas compartilham a mesma verdade. Em outras palavras, compartilham a mesma fonte e vêm da mesma realidade última ou divina. Essa realidade divina pode ser descoberta através do misticismo e das práticas contemplativas. Enfim, esse viés 'progressista cristão', surgiu nos salões dos seminários, se infiltrou nos púlpitos e foi propagado por uma mídia liberal. No tempo de 'Paulo' um "outro Evangelho" também estava sendo ensinado e veementemente rejeitado pelo apóstolo: "Algumas pessoas os perturbam, adulterando o evangelho de Cristo" (Gálatas 1.7). Esse 'cristianismo progressista' não é o evangelho de forma alguma, apenas resulta confusão e caos".

 Hugo Evandro Silveira

Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril.

E-mail: hugoevandro15@gmail.com

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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