Entrevista da semana

'Meu dom é resolver problemas'

Marcele Tonelli
| Tempo de leitura: 5 min

Ele tornou-se servidor da prefeitura em 2003, após passar em concurso público e ser efetivado como motorista da Secretaria de Obras. Mas, seu perfil proativo e comunicativo o levou a alçar voos maiores, chegando ao cargo de secretário municipal. Hoje diretor do Departamento de Obras Públicas, o bauruense Etelvino Zacarias Martins, mais conhecido como Téo, é considerado um dos pilares da prefeitura quando o assunto é obra. De Norte a Sul, ele diz conhecer todos os problemas estruturais do município e procura ser o braço direito das gestões para auxiliar em soluções.

"Meu dom é resolver problemas, ajudar a administração com medidas que atinjam sempre o maior número possível de moradores e que impactem em melhor qualidade de vida, especialmente das crianças", dispara Téo.

Aos 53 anos, sendo 19 deles dedicados à prefeitura, ele se diz realizado e declara ser um apaixonado pelo serviço público.

Paixão e dedicação que foram reconhecidas pela Câmara Municipal na última segunda-feira (3), quando Téo foi condecorado com uma Moção de Aplauso pela relevante trajetória profissional e atuação em prol da comunidade bauruense.

Casado com Fernanda Pio Gomes, ele é pai de Débora Caroline Komyiama Martins, 24 anos, e Heitor Pio Zacarias Martins, de 6 anos, filhos para os quais tenta transmitir também suas outras paixões: a natureza e o rock'n roll.

JC - Você teve uma infância humilde e começou a trabalhar aos 9 anos, conte um pouco mais sobre sua trajetória.

Etelvino - Meu pai, Etelvino Martins, era operador de máquinas. E minha mãe, Lourdes Ozório da Silva Martins, era monitora na Casa do Garoto. Morávamos em uma casinha de madeira no Vista Alegre. Não só eu, mas meus irmãos Maria Aparecida, Ana Maria e Edvaldo também começaram a trabalhar cedo para ajudar em casa. Aos 9 anos, eu saía pela cidade entregar jornais e colar cartazes. Na adolescência, trabalhei em supermercado e também fui vendedor de doces e, nessa época, eu andava uns 15 quilômetros diários a pé. Foi quando eu conheci realmente Bauru. Tive outros empregos também. Fui até protético e instrutor de autoescola por 15 anos.

JC - Quando você entrou para a prefeitura, em 2003, era motorista, mas em três meses passou a ser promovido, como isso aconteceu?

Etelvino - Eu me envolvia tanto no trabalho que ultrapassei a função de motorista e passei dar meu ponto de vista sobre as obras. Eu construí cinco casas ao longo da minha vida. Então, aprendi a ser um pouco pedreiro e entendia o básico de hidráulica e elétrica. E o engenheiro Gebara, diretor da época, valorizou minha experiência e me passou para encarregado da turma na pasta. Acredito que o meu perfil proativo, de menos blá blá blá e mais atitude, mais rock'n roll, ajudou na evolução da minha carreira. Eu sou acelerado e estou sempre pronto para aprender e trabalhar.

JC- Diante desse comprometimento, naturalmente, surgiram oportunidades, inclusive, a de ser secretário?

Etelvino - Sim. Fui chefe de seção e diretor da Divisão de Praças e Áreas Verdes na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e, nessa mesma época, me formei como auditor florestal. Fui ainda assessor de gabinete e gerente de Limpeza Pública e Gestão Ambiental, na Emdurb. Também atuei como assessor de gabinete no Palácio das Cerejeiras e, depois, como secretário municipal das Administrações Regionais (Sear), no governo passado. No início da gestão Suéllen, fui secretário interino de Obras.

JC - O que o trabalho significa para você?

Etelvino - Eu sou um servidor municipal apaixonado. Sempre coloquei o trabalho em primeiro lugar. Isso tudo já me rendeu várias homenagens, como a da Câmara. Lidamos com a insatisfação da população e eu me orgulho em procurar sempre fazer o melhor pela cidade, mesmo diante das dificuldades estruturais que temos. Acredito que meu dom é resolver problemas, ajudar a administração com medidas que atinjam sempre o maior número possível de moradores e que impactem em melhor qualidade de vida, especialmente das crianças.

JC - Aliás, dizem que você é um conhecedor dos problemas estruturais de Norte a Sul da cidade.

Etelvino - (Risos) Eu tenho o mapa todo na cabeça, assim como meu colega e irmão Sidnei Rodrigues (servidor e ex-secretário). É difícil eleger as prioridades diante de tantos problemas. Mas, com paciência e jogo de cintura, temos dado conta do recado. Nesse aspecto, agradeço muito a prefeita Suéllen Rosim e o secretário, Leandro Joaquim, pela liberdade e confiança que depositam no meu trabalho.

JC - Em sua opinião, qual obra deveria ser a aposta de Bauru para os próximos anos?

Etelvino - Eu jamais investiria milhões na avenida Nações Unidas antes de zerar os problemas de infraestrutura nas periferias de Bauru. A drenagem e pavimentação melhorariam muito a qualidade de vida por lá. Vejo como prioridade também resolver o saneamento básico.

JC - Em 19 anos de prefeitura qual momento mais marcante?

Etelvino - Em janeiro de 2016, quando houve uma chuva fora do normal durante a madrugada. Eu, o ex-prefeito Rodrigo Agostinho e o Sidnei Rodrigues entramos em um rio inundado, na estrada entre Bauru e Piratininga, para salvar três pessoas. Uma delas estava com múltiplas fraturas dentro de um carro levado pela enxurrada. Sempre choro de emoção ao lembrar desse episódio.

JC- E o Téo na vida pessoal, quem é?

Etelvino - Moro há 23 anos no Vale do Igapó, sou baixista e amo o rock'n roll, Iron Maiden, AC/DC, Led Zeppelin, Deep Purple etc. Nas horas de descanso, me dedico também à natureza e tento passar isso para meus filhos. Tenho uma coleção de mais de 200 cactos do Brasil e do México no meu quintal. Gosto porque os cactos são rudes, resistentes, simples e nos presenteiam com belas flores.

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