A mãe da adolescente Katrina Bórmio Silva Martins, morta aos 16 anos durante uma ação policial em agosto de 2024, afirma seguir enfrentando silêncio das autoridades, mesmo após uma promessa pública de atendimento feita pelo então secretário de Segurança Pública e hoje deputado federal Guilherme Derrite.
O compromisso ocorreu em 23 de outubro de 2025, durante a COP Internacional, quando Derrite, diante da imprensa e de câmeras, declarou que receberia a mãe da jovem, Sabrina Maria da Conceição, acompanhada da advogada Paolla Ruiz, para tratar do andamento do caso. A reunião, no entanto, não foi agendada, apesar de reiteradas tentativas de contato.
Segundo a família, o acompanhamento inicial foi feito pela assessora major Luciana Soares Guenca, que chegou a trocar mensagens com a mãe da vítima. Ainda assim, nenhuma data foi marcada e as solicitações permaneceram sem resposta.
Cobrança pública e questionamento jornalístico
Durante o evento, ao cobrar diretamente o secretário, Sabrina Maria da Conceição relembrou um questionamento feito por este jornalista durante uma coletiva de imprensa em Araçatuba, realizada na ocasião da passagem de comando do CPI-10.
Naquele momento, o caso Katrina já havia sido citado publicamente, reforçando, segundo ela, que a cobrança não surgiu de forma isolada, mas integra uma sequência de questionamentos públicos sobre a responsabilização do autor dos disparos. Para a mãe, o compromisso assumido por Derrite naquele evento representava uma resposta a essas cobranças já registradas e amplamente divulgadas.
Silêncio administrativo e impasse no PAD
Diante da falta de retorno, a advogada da família encaminhou sucessivos requerimentos formais ao Conselho da Polícia Civil nos dias 28 de novembro, 6 e 17 de dezembro, solicitando informações sobre o acesso externo ao Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que apura a conduta do delegado responsável pelos disparos. As solicitações, conforme relato da família, foram apenas recebidas, sem resposta efetiva.
Posteriormente, em 19 de dezembro, um e-mail também foi enviado ao Gabinete do Delegado-Geral, reiterando o pedido. Até o momento, não houve manifestação oficial.
O relatório final da Corregedoria da Polícia Civil já foi concluído e aponta pela demissão a bem do serviço público do delegado investigado. O parecer teria sido ratificado pelo Conselho da Polícia Civil, mas ainda dependeria das assinaturas do Delegado-Geral, do Secretário de Segurança Pública e, por fim, do decreto de demissão a ser assinado pelo governador do Estado.
O caso Katrina
Katrina foi morta na madrugada de 4 de agosto de 2024, em Promissão (SP), após ser atingida por um disparo efetuado pelo delegado Vinicius Martinez, que, segundo a apuração, estava alcoolizado e utilizou uma arma particular durante uma intervenção descrita como desastrosa.
A adolescente aguardava o pai, acompanhada de amigos, quando foi atingida. O episódio gerou comoção regional e levantou questionamentos sobre abuso de autoridade, uso da força e responsabilização institucional.
Quebra de confiança e cobrança por respostas
Além da dor da perda, a família afirma enfrentar um segundo sofrimento: o descaso institucional. Para Sabrina, a ausência de respostas após promessas públicas representa uma quebra de confiança e um obstáculo ao direito à informação e à transparência.
A reportagem informa que questionamentos foram encaminhados à Assessoria de Governo do Estado de São Paulo, ao deputado federal Guilherme Derrite e à sua assessora. Até o fechamento desta matéria, não houve retorno oficial. O espaço segue aberto para manifestações.
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