LUTO E SOLIDARIEDADE

Avó assume 4 netos após feminicídio em Bauru e precisa de ajuda 

Por | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Redes Sociais
Jéssica deixou quatro filhos, agora sob os cuidados da mãe
Jéssica deixou quatro filhos, agora sob os cuidados da mãe

Além de enfrentar o luto pela morte brutal da filha Jéssica Pereira Silva, aos 37 anos, Silvia Pereira, avó dos quatro órfãos do caso de feminicídio registrado em Bauru na última segunda-feira (8), precisou tomar para si a criação dos netos, com idades entre 3 e 13 anos. Sem aposentadoria e trabalhando como cuidadora, ela terá de abdicar da própria rotina para assumir o compromisso e, neste momento, necessita de ajuda para garantir o mínimo de dignidade à família.

Diante da situação, Matias Muniz, um líder comunitário do Jardim Carolina, bairro onde a morte foi registrada e onde a família mora, iniciou uma campanha solidária para arrecadar doações. Conforme o JCNET divulgou, Jéssica foi assassinada a facadas pelo ex-marido em via pública. O agressor fugiu, mas foi morto horas depois em confronto com a Polícia Militar, no Jardim Niceia.

Até então, segundo Muniz, Jéssica sustentava a casa com o auxílio do programa Bolsa Família, com renda de R$ 1,1 mil, além de trabalhos como cuidadora. Com o crime, toda a estrutura familiar foi desfeita de forma abrupta. Sensibilizado com a situação, o presidente de Associação de Moradores do Jardim Carolina iniciou uma campanha para arrecadar alimentos, roupas, leite, produtos de higiene e contribuições financeiras.

Segundo ele, o objetivo é dar suporte imediato à avó enquanto outras medidas são buscadas. “Ela não perdeu apenas a filha. Assumiu quatro crianças pequenas, todas marcadas por um trauma profundo. É uma responsabilidade imensa, emocional e financeira”, afirmou Matias Muniz, que também colocou seu escritório à disposição como ponto de arrecadação de doações.

Crime

Jéssica Pereira Silva foi assassinada a facadas na manhã da última segunda-feira (8), na quadra 3 da rua João Esteves de Souza, no Jardim Carolina, quando chegava para trabalhar como cuidadora de idosos. Ela havia conseguido uma medida protetiva de urgência contra o ex-companheiro 20 dias antes do crime.

Segundo a Polícia Militar e o Samu, a vítima foi atingida nas costas, ombro, peito e pescoço. A violência foi tão intensa que a lâmina da faca quebrou durante o ataque. Testemunhas relataram que, mesmo após a queda da mulher, o agressor ainda desferiu chutes contra ela.

O homem fugiu após o crime, mas foi localizado horas depois por equipes do 13º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) em uma área de mata no Jardim Niceia. Conforme o boletim de ocorrência, ele avançou contra os policiais armado com uma faca e foi morto durante o confronto. A Polícia Civil apura o caso como legítima defesa.

Histórico de ameaças

A vítima havia denunciado o ex-companheiro por ameaças de morte, perseguições e agressões anteriores. O Núcleo de Apoio à Rede classificou o caso como de alto risco, e a Justiça havia determinado que o agressor mantivesse distância mínima de 200 metros da mulher e de seus familiares.

O feminicídio ocorreu um dia após manifestações nacionais contra a violência de gênero, que também mobilizaram moradores de Bauru na avenida Getúlio Vargas. Agora, a mobilização se volta para a sobrevivência e o futuro de quatro crianças que, em poucos dias, perderam a mãe e o pai e passaram a depender exclusivamente da avó materna.

Como ajudar

As contribuições podem ser feitas por meio do Pix de Sílvia, cuja chave é o número do celular dela: 14 98804-9551. Doações podem ser encaminhadas ao escritório de Matias Muniz, que fica na rua Adante Gigo, 11-30.

Fale com o Folha da Região!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários