SAÚDE

Botucatu será cidade-teste da vacina nacional contra dengue

da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação: Ministério da Saúde
Primeiras doses serão destinadas aos profissionais da Saúde
Primeiras doses serão destinadas aos profissionais da Saúde

Botucatu foi escolhida pelo Ministério da Saúde para sediar um projeto piloto de vacinação em massa com a nova vacina nacional contra a dengue, produzida pelo Instituto Butantan. O anúncio foi feito na última terça-feira (9) pelo ministro Alexandre Padilha, durante visita ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB).

A cidade terá um papel central: servirá como campo de avaliação da efetividade e do impacto da vacina, permitindo observar, em tempo real, como o imunizante influencia a circulação da dengue na região. Essa estratégia antecipa, em Botucatu, a vacinação da população geral entre 15 e 59 anos, faixa etária recomendada para o produto. A expectativa é que, com uma adesão de 40% a 50%, já seja possível notar uma redução expressiva nos casos.

A escolha de Botucatu também se baseia em sua experiência anterior com campanhas ampliadas. O município foi referência nacional durante a pandemia de Covid-19 ao realizar vacinação em massa da população. Agora, volta a ocupar posição estratégica para avaliação científica em saúde pública. Além de Botucatu, outras cidades com predominância do sorotipo DENV-3 estão em análise para integrar a estratégia, já que esse sorotipo impulsionou o aumento de casos no País em 2024.

Inicialmente, seguindo orientação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), as primeiras doses produzidas pelo Butantan serão destinadas aos profissionais da Atenção Primária em todo o País. O ministro Padilha reforçou que esses trabalhadores (agentes comunitários, agentes de endemias, enfermeiros, técnicos e médicos) são a linha de frente no atendimento de casos suspeitos e, por isso, precisam ser os primeiros protegidos.

Com o avanço da produção, a vacinação será ampliada gradualmente, começando por adultos de 59 anos e descendo até os 15 anos. A expansão será viabilizada pela parceria tecnológica entre o Butantan e a empresa chinesa WuXi Vaccines, que permitirá produção em larga escala.

INÉDITA

A vacina do Butantan é a primeira de dose única totalmente nacional e demonstrou 74,7% de eficácia contra casos sintomáticos e 89% contra formas graves em pessoas de 12 a 59 anos. O SUS continuará oferecendo também a vacina japonesa já utilizada em adolescentes de 10 a 14 anos, com previsão de ampliar a distribuição para milhares de municípios nos próximos anos.

O Ministério da Saúde investe mais de R$ 10 bilhões anuais no Instituto Butantan, valor que deve chegar a R$ 15 bilhões com a inclusão da vacina da dengue. O desenvolvimento contou ainda com R$ 130 milhões do BNDES e mais de R$ 1,2 bilhão previstos pelo Novo PAC Saúde para ampliar a capacidade de produção de imunobiológicos no país.

A iniciativa reforça a cooperação Brasil-China, com transferência de tecnologia e desenvolvimento conjunto, e consolida a produção brasileira como referência internacional.

Mesmo com a redução de 75% nos casos e 80% nos óbitos por dengue neste ano, as ações contra o Aedes aegypti continuam fundamentais. O Ministério da Saúde mantém a campanha "Não dê chance para dengue, zika e chikungunya", reforçando medidas como uso de telas e repelentes, eliminação de criadouros, vedação de reservatórios e apoio às ações dos profissionais do SUS.

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