Nunca uma música retratou tão bem uma situação como a letra da Legião Urbana, escrita em 1987: “Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado. Ninguém respeita a constituição, mas todos acreditam no futuro da nação. Que país é esse?”. Ao observar o cenário atual, percebo que faltou no título um questionamento adicional: “Que governo é esse?”.
Não sou apenas eu quem fala; a imprensa divulga diariamente escândalos, roubos e falcatruas. A lista é imensa: rombos nos Correios, na Petrobras, em demais estatais e em fundos de pensão, inviabilizando operações e penalizando severamente os investidores. Além disso, assistimos à divulgação de dados falsos sobre a diminuição do índice de pobreza, enquanto milhões seguem dependentes do Bolsa Família e de outros benefícios governamentais.
A sensação de impunidade é latente. A cada dia, nossa “justiça” libera corruptos condenados por inúmeras provas, “inocentando-os” e devolvendo-os à liberdade. Como resultado, a criminalidade não para de crescer, pois os criminosos se sentem respaldados judicialmente. Para cobrir o rombo e a incompetência técnica, novas taxas e impostos são criados diariamente, sobrecarregando o cidadão.
Enquanto isso, deputados e senadores mantêm suas vantagens intactas, recusando-se a “cortar na própria carne” para dar o exemplo. O número de ministérios aumentou, mas os serviços continuam iguais; a única coisa que cresceu foi o número de cargos para acomodar apadrinhados e parentes. No cenário internacional, não temos uma política externa decente e nos tornamos motivo de chacota. As viagens presidenciais parecem mais turismo do que trabalho, com gastos exorbitantes no cartão corporativo. O reflexo disso é uma COP 30 fracassada, já que nenhum país sério confia na gestão atual.
Diante desse quadro, fica a dúvida: como podem artistas defender um governo tão inútil? Só pode ser pelos incentivos da Lei Rouanet. E quanto aos eleitores? Com toda a facilidade de acesso à informação que temos hoje, como não percebem o que está acontecendo? As explicações parecem se limitar à doutrinação, à ignorância ou a interesses financeiros diretos.
No fim, a pergunta "Que país é esse?" pode ser respondida com uma história antiga: dizem que Deus criou o Brasil com belezas naturais e abundância. Quando questionado sobre por que deu tanto de bom e nada de ruim, Ele teria respondido: “Não se preocupem, esperem só para ver o povinho que vou colocar ali”. Pelo visto, está explicado.
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