VIOLÊNCIA

Motorista que arrastou mulher na marginal Tietê nega relação

Por Isabella Menon e Paulo Eduardo Dias | da Folhapress
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução
Douglas atropelou Tainara na manhã deste sábado no Parque Novo Mundo, na zona norte de São Paulo
Douglas atropelou Tainara na manhã deste sábado no Parque Novo Mundo, na zona norte de São Paulo

A defesa de Douglas Alves da Silva, 26, preso na noite deste domingo (30) após atropelar e arrastar Tainara Souza Santos, 31, por vias de São Paulo, afirma que ele não tinha envolvimento nem relacionamento com a vítima.

Após audiência de custódia nesta segunda (1º), a Justiça determinou a prisão temporária dele por 30 dias.

Na manhã do sábado (29), Douglas arrastou o corpo de Tainara por cerca de um quilômetro. Ela teve as duas pernas amputadas. De acordo com o advogado de Douglas, Marcos Tavares Leal, ele teve uma briga momentos antes com um homem, que teria atingido ele com uma garrafa. O homem aparece ao lado de Tainara nas câmeras de segurança da rua usando uma camiseta branca.

O advogado diz ainda que Douglas não percebeu que o corpo de Tainara estava preso ao veículo. "Quando percebeu, ele foi cercado por várias pessoas, ameaçado e conseguiu se evadir do local com medo", diz Leal.

Em depoimento nesta segunda (1º), Douglas declarou que não conhecia Tainara nem seu acompanhante.

De acordo com o delegado Augusto Cesar Pedroso Bicego, do 90º DP (Parque Novo Mundo), a versão não condiz com o apurado até o momento.

O advogado que representa Tainara afirmou que os dois já ficaram algumas vezes, mas a relação não evoluiu para algo sério. O caso foi registrado como tentativa de feminicídio.

De acordo com a versão apresentada por Douglas à polícia, ele chegou ao bar na noite de sexta-feira (28). Lá, o amigo Kauan Silva Bezerra teria brigado com o acompanhante de Tainara. Douglas disse ter tentado interferir e ficou ferido no rosto ao tomar uma garrafada.

Ao sair, pegou o carro, viu o casal e decidiu acelerar para dar um susto nos dois, segundo contou à polícia. Tainara teria se projetado à frente do carro, sendo atingida.

Ainda de acordo com versão de Douglas, ele teve dificuldade de sair com o carro e, pensando se tratar de um falha mecânica, acelerou e deixou o local.

Declarou ainda que não ouviu carros buzinarem na marginal por estar com os vidros fechados e som alto. Ao perceber o havia ocorrido, liberou a saída de Kauan do automóvel e deixou o local com medo de ser agredido, segundo relatou à polícia.

Douglas foi preso na noite deste domingo e foi encontrado em um hotel da Vila Prudente, na zona leste de São Paulo. O boletim de ocorrência diz que houve resistência e tentativa de retirar a arma do policial no momento da prisão. Por isso, a polícia atirou contra Douglas. A defesa, no entanto, argumenta que não houve resistência à prisão nem troca de tiros.

"Ele estava me aguardando para se entregar quando foi violentamente preso", diz Leal, que relata que Douglas estava sangrando durante a audiência de custódia e que foi solicitado atendimento médico ao cliente.

Douglas estava dirigindo o carro com o amigo Kauan no banco do passageiro. Advogado de Kauan, Matheus Lucena afirma que Douglas, de fato, brigou com outras pessoas no bar.

"O Kauan, ao ver a situação, foi em direção para apartar a briga. Eles saíram do estabelecimento, o Kauan entrou no carro, pegou o celular para falar para a mãe que estava voltando para casa", relata o advogado.

"O Douglas deu a volta no quarteirão em direção à marginal, quando viu a Tainara fora do estabelecimento com outro rapaz, decidiu então jogar o veículo na direção deles", diz.

De acordo com o delegado, a versão de Douglas destou do que disse Kauan e de outros elementos dos autos. "Kauan diz que ele tinha um relacionamento passado com a vítima e ficou enfurecido ao vê-la com outra pessoa."

Douglas estava até o final da tarde no 90º DP. Ele deve ser levado para o IML (Instituto Médico Legal) e, após passar por exame de corpo de delito, será levado para a carceragem do 26º DP (Sacomã).

O caso

Douglas atropelou Tainara na manhã deste sábado (29) no Parque Novo Mundo, na zona norte de São Paulo. Ele a atingiu com um Golf preto em uma avenida que dá acesso à marginal Tietê e continuou dirigindo mesmo com o corpo dela preso ao veículo.

Câmeras de segurança registraram o atropelamento. Motoristas que estavam nas proximidades também filmaram o carro com o corpo da mulher sendo arrastado em um trecho da marginal Tietê.

Após o atropelamento, policiais militares recorreram a imagens de câmeras de segurança e dados de radares da região para identificar o suspeito. Os PMs chegaram a um endereço que seria o dele, mas ele não estava lá.

Segundo o boletim de ocorrência, o atropelamento ocorreu perto de um bar, e as pessoas que estavam nele presenciaram todo o episódio.

Um funcionário do estabelecimento disse à polícia que o motorista agiu de forma intencional, atropelando e passando por cima da vítima.

Quando a mulher já estava sob o veículo, o motorista ainda teria puxado o freio de mão e feito movimentos bruscos com o carro.

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