ESTRATÉGIAS

Como os bônus influenciam as estratégias dos apostadores


| Tempo de leitura: 5 min

Nos últimos anos, o universo das apostas esportivas, em particular o futebol, continuou se transformando rapidamente. A popularização de plataformas online e a maior penetração digital permitiram que mais pessoas apostassem.

Mas, com a entrada em vigor de uma nova fase regulatória no Brasil, os bônus deixaram de ser apenas um atrativo simples e passaram a ter impacto direto nas estratégias dos apostadores.

Por que os bônus seguiram importantes, e por que agora mudaram

Os bônus (como bônus de boas-vindas, apostas grátis, cashback ou multiplicadores) sempre foram usados pelas casas de apostas para atrair e fidelizar clientes. Quando um apostador recebe “algo extra” para apostar, há uma tendência maior de arriscar ou experimentar mercados diferentes.

Por exemplo: se um torcedor do Flamengo aposta contra Palmeiras e recebe R$ 50 de bônus, talvez se sinta confortável em arriscar um placar exato ou um mercado menos provável, pois o valor “doador” reduz a sensação de risco.

Isso está ligado à “redução da aversão ao risco” que a economia comportamental estuda: quando não se usa apenas o próprio dinheiro, o comportamento tende a ser mais experimentador.

Mas em 2025, com a entrada plena da regulamentação da Lei 14.790/2023 (que regula apostas de quota fixa no Brasil) e demais portarias, há mudanças relevantes que moldam como os bônus funcionam, ou deixaram de funcionar. Alguns destaques:

  • A partir de 1º de janeiro de 2025, somente operadoras devidamente autorizadas pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda poderão operar legalmente no Brasil, as demais serão consideradas ilegais.
  • A legislação proíbe que as casas de apostas concedam adiantamento, antecipação, bonificação ou vantagem prévia vinculada à realização de apostas. Isso inclui ofertas apresentadas como “bônus de entrada” ou “dinheiro para apostar”.
  • Publicidade de bônus e promoções vinculadas à atração de novos apostadores está sob forte restrição: o decreto e os projetos de lei apontam para a proibição de anúncios que prometem vantagens ou ganhos fáceis.
  • Para os apostadores, também há obrigação de identificação (CPF, reconhecimento facial) e controle rigoroso de fluxos financeiros.
  • Tributação: ganhos líquidos acima de determinado valor (por exemplo acima de R$ 2.428,80) serão tributados em 15% para o apostador.

Portanto: os bônus continuam importantes, mas as regras mudaram — e isso influencia diretamente como os apostadores pensam, como arriscam e como utilizam estratégias com base em bônus.

Estratégias dos apostadores em 2025

Com o cenário regulatório ajustado, as estratégias dos apostadores precisam se adaptar. Aqui estão alguns pontos-chave:

1- Menos ofertas explícitas de “bônus de entrada”
Como os regulamentos impedem bonificações ou vantagens prévias vinculadas à aposta, as casas de apostas estão reduzindo ou reformulando suas promoções. Isso significa que o apostador não pode contar tanto com “dinheiro extra” livremente para testar e arriscar como fazia antes.

2- Maior foco em valor, não apenas “grátis”
Dado que os bônus de entrada estão mais controlados, o valor (odds, mercados menos explorados, apostas bem estudadas) torna-se mais relevante. Apostadores experientes aproveitam para buscar apostas com bom valor esperado, em vez de apostar apenas porque receberam uma “grátis”.

3- Estratégias de rollover e aproveitamento de mercados específicos
Ainda que “bônus” no sentido tradicional estejam mais restritos, há promoções de fidelização ou de uso continuado que podem gerar benefícios indiretos. Porém, o jogador precisa ler os termos com atenção: exigências (rollover, prazo, mercados, odds mínimas) continuam existindo.Apostadores experientes adotam tática como distribuir valor em mercados de menor variância (ex: “ambas equipes marcam”, “total de gols”) em vez de apostar tudo numa única seleção ou placar impossível.

4- “Teste de estratégia” com saldo próprio reduzido
Considerando que os bônus estão menos presentes ou menos generosos, o apostador pode usar uma parte menor do seu saldo para “testar” novas estratégias — ou seja, usar valor controlado para experimentar antes de aumentar o ticket. Esse “laboratório de apostas” ajuda a controlar perdas e aprender.

5- Avaliação da legalidade da operadora e risco do mercado irregular 
Em 2025, há um diferencial importante: operar com segurança significa escolher casas de apostas licenciadas. Apostar em plataformas não autorizadas traz risco de não receber prêmios, de práticas menos transparentes ou de fraude. Estudos mostram que mesmo com regulamentação, o mercado irregular ainda é expressivo.

O lado menos visível dos bônus com a nova regulação

Nem tudo são vantagens, com as mudanças em regulamentação, alguns aspectos merecem atenção:
Muitos apostadores iniciantes ainda não leem com atenção os termos e condições das ofertas. Com menos bonificações simples, as promoções restantes podem ter exigências mais complexas (rollover alto, mercados restritos, odds mínimas).

O decreto proíbe propaganda para menores de 18 anos e o uso de ganhos como “solução financeira”. Para o senado, a publicidade deverá indicar que apostas são para entretenimento e podem trazer prejuízo.

O crescimento do mercado regulado trouxe maior fiscalização e transparência, mas também aponta que ainda há um grande volume de apostas em plataformas irregulares, o que representa risco para o apostador.

Influência no mercado, no futebol e no comportamento dos torcedores

Os bônus - ainda que de forma diferente, continuam a moldar o cenário das apostas esportivas.

  • Em 2025, o mercado regulado de apostas no Brasil tem projeção de gerar cerca de R$ 20 bilhões em impostos.
  • Grandes clubes de futebol e competições continuam a ter parcerias com casas de apostas - mas com maior exigência de transparência e patrocínios com operadores licenciados. Isso significa que as campanhas de “apostar no seu time” precisarão respeitar as novas regras de publicidade.
  • Para o torcedor-aposta, a experiência emocional permanece: apostar no time do coração, imaginar a vitória, acompanhar o jogo. Porém, agora esse comportamento encontra um ambiente regulado, com limites, exigências e proteção adicional ao consumidor.

Bônus, futebol e estratégia em 2025

Os bônus deixaram de ser meramente um “dinheiro grátis” e se tornaram parte de uma equação mais ampla, que envolve regulação, valor, experimento de estratégia e jogo responsável.

Para quem ama futebol e aposta esportiva, isso significa:

  • Entender as regras e escolher operadoras licenciadas.
  • Usar promoções de forma estratégica, sabendo que os bônus são menos simples.
  • Focar em valor, não apenas em “grátis”.
  • Apostar com responsabilidade, seguindo sempre a mensagem: jogue com responsabilidade.

Com conhecimento, leitura de termos e foco na estratégia, os bônus (na forma que tiverem neste novo cenário) podem continuar sendo aliados, mas com consciência e controle.

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