O brasileiro Patrick César da Silva Brito, acusado de crimes cibernéticos e de extorsão contra o ex prefeito de Araçatuba, Dilador Borges Damasceno, e sua mulher, trava desde 2022 uma batalha judicial na República da Sérvia, para evitar sua extradição ao Brasil.
Segundo o processo, Patrick teria invadido dispositivos eletrônicos do casal e exigido vantagens econômicas, configurando crimes previstos nos artigos 154-A e 158 do Código Penal. Em maio de 2022, a Justiça paulista decretou sua prisão preventiva e expediu difusão vermelha pela Interpol. O brasileiro foi detido em dezembro daquele ano na cidade de Kragujevac, na Sérvia.
Desde então, o caso se arrasta entre cortes sérvias e pedidos de asilo político. Em 2023, Patrick ingressou com solicitação de refúgio, alegando risco de perseguição e até monitoramento ilegal pela Abin no Brasil. O pedido, entretanto, foi negado pelas autoridades locais. Mesmo assim, ele conseguiu, de forma inédita na Sérvia, apresentar um segundo pedido de asilo, que também foi recusado.
Em paralelo, a Justiça sérvia chegou a emitir decisões favoráveis à extradição, posteriormente anuladas pela corte de apelação. Atualmente, a palavra final sobre o caso depende do Ministério da Justiça da Sérvia, que decidirá se atende à solicitação brasileira.
Enquanto isso, a defesa articula uma estratégia internacional: levar o caso à Corte Europeia de Direitos Humanos, uma vez que a Sérvia é membro do Conselho da Europa e está sujeita a suas decisões vinculantes. Caso não tenha êxito, ainda poderia recorrer a instâncias das Nações Unidas.
A Embaixada do Brasil em Belgrado acompanha o processo, mas não tem legitimidade para interferir diretamente nos autos. Documentos diplomáticos revelam que a Sérvia já reconheceu o cumprimento dos pré-requisitos formais para a extradição, restando apenas a decisão política final do ministro da Justiça.
No Brasil, o processo criminal segue tramitando na 1ª Vara Criminal de Araçatuba, onde a defesa pediu absolvição por falta de provas, enquanto o Ministério Público reiterou o pedido de condenação. A sentença está prestes a ser proferida.
A defesa de Patrick, composta pelos advogados Daniel Madeira, Gustavo Nonato Bertoldo e Karine Nakad Chuffi, sustenta que o réu é vítima de grave ilegalidade processual.
“A defesa de Patrick Cesar da Silva Brito impetrou Habeas Corpus tendo em vista que ele se encontra em prisão preventiva há quase 1.000 dias sem que o processo tenha sido finalizado com uma sentença. A prisão do paciente é ilegal, configurando constrangimento ilegal e a custódia cautelar se prolonga de forma inadmissível devido à ineficiência administrativa do Estado”, afirmaram os advogados.
Fale com o Folha da Região!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.