A sessão ordinária da Câmara Municipal de Birigui, realizada na noite dessa terça-feira, 19, foi marcada por protestos de pais e familiares de crianças atendidas pela creche CEI Rotary. O plenário recebeu cartazes, faixas e a presença de dezenas de pessoas que lotaram o espaço em defesa da permanência da unidade, prevista para ser desativada no final de 2026.
Representando o grupo de pais, Aniele Cristina utilizou a Tribuna Livre para expor a insatisfação da comunidade. “Não se trata apenas de um prédio, mas de uma instituição histórica de Birigui. Há mais de 41 anos a creche educa, acolhe e forma cidadãos. Hoje, infelizmente, vemos tudo isso ameaçado por uma decisão arbitrária, sem qualquer transparência da gestão municipal”, afirmou.
Ela destacou ainda que a maneira como a medida foi comunicada causou revolta e indignação. “Os pais receberam a notícia sem qualquer diálogo prévio. O fechamento foi imposto de cima para baixo, sem apresentar documentos ou dados consistentes que comprovem a necessidade de uma decisão tão drástica. Essa postura desrespeita não só as famílias, mas também os profissionais que constroem diariamente a história dessa creche”, declarou.
Ela afirmou que a comunidade não foi devidamente consultada e que a creche é referência de acolhimento e educação.
“A forma como esse fechamento foi comunicado à comunidade é desrespeitosa e humilhante. Os argumentos utilizados pela atual administração não condizem com a realidade vivida pelos pais, crianças e profissionais da creche. Em nenhum momento foram apresentados dados verdadeiros ou documentos auditáveis que sustentem essa medida tão radical e prejudicial”, declarou.
Na manhã do mesmo dia, a prefeita Samanta Borini (PSD) comentou o caso durante entrevista à Rádio Pérola, de Birigui. Segundo ela, a desativação da unidade faz parte de uma readequação da rede municipal de ensino. “Não se trata de fechar por fechar. Temos observado a redução do número de crianças nas creches e escolas. Muitas vezes, mães atravessam a cidade para deixar seus filhos no centro, enquanto existem vagas próximas às suas casas. O objetivo é adequar os alunos a outras unidades e, ao mesmo tempo, liberar o prédio para atender a uma demanda crescente na área de saúde mental”, explicou.
A proposta do Executivo é transformar o espaço em um centro especializado em saúde mental, integrando-o a outros serviços já existentes na região central. A Prefeitura reforça que nenhuma criança ficará sem atendimento e que a realocação será feita de acordo com o endereço das famílias, distribuindo os alunos em outras unidades da rede municipal.
Os pais, no entanto, insistem que a justificativa não corresponde à realidade. Segundo eles, a presença de 32 servidores garante justamente a qualidade do atendimento e o cuidado individualizado, considerado um diferencial do CEI Rotary. Para eles, a mudança deixará uma lacuna irreparável na educação infantil de Birigui.
De acordo com a administração municipal, a manutenção mensal da unidade é de aproximadamente R$ 250 mil, valor considerado elevado diante da quantidade atual de alunos. Ainda assim, os familiares prometem seguir mobilizados e afirmam que vão continuar cobrando transparência e diálogo antes de qualquer decisão definitiva.
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