A defesa da jovem Carolina Silva de Almeida, 25 anos, que acompanhava o juiz aposentado de 61 anos no momento em que ele atropelou a ciclista Thais Bonatti de Andrade, em Araçatuba, entrou com pedido de sigilo no processo nesta segunda-feira (5). O argumento central da solicitação seria o risco à segurança da mulher e de seus filhos, diante de ameaças e exposição.

O advogado Thiago Henrique Braz Mendes, que representa a jovem, afirmou à Justiça que sua cliente tem sido alvo constante de ataques nas redes sociais, além de assédio da imprensa, inclusive com a divulgação de imagens de sua residência. Segundo a petição, há relatos de que pessoas estariam sendo instigadas a ir até a casa dela para cometer agressões físicas, o que coloca em risco também os dois filhos menores de idade da mulher.

O pedido ocorre dias após a Justiça negar uma solicitação semelhante feita pela defesa de Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior, investigado como autor do atropelamento. A defesa dele pediu o segredo de justiça na última sexta-feira (2), sob o argumento de que a medida seria necessária para proteger a integridade moral do investigado, evitar pré-julgamentos públicos e preservar testemunhas e familiares de constrangimentos.

O juiz das Garantias, Pedro Luiz Fernandes Nery Rafael, negou o primeiro pedido, afirmando que não havia elementos que justificassem o sigilo dos autos. Em sua decisão, destacou: “O caso em questão teve ampla repercussão midiática e já houve total divulgação dos dados do investigado. Como se sabe, a decretação de sigilo é excepcional em nosso sistema e, no caso em questão, não há razões para tanto.”
O novo pedido, protocolado pela defesa da mulher, ainda aguarda análise judicial.

Relembre o caso

Thais Bonatti de Andrade, de 30 anos, foi atropelada na noite de 24 de julho, em Araçatuba, enquanto pedalava. Segundo a investigação, o juiz aposentado dirigia sob efeito de álcool e estava com a mulher seminua no colo no momento do atropelamento. Thais ficou internada na Santa Casa da cidade, mas não resistiu aos ferimentos e morreu dois dias depois.

O magistrado foi preso em flagrante e liberado após audiência de custódia, mediante pagamento de fiança de R$ 40 mil. O caso segue em apuração pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.