JULHO LARANJA

Cuidados precoces garantem saúde bucal e desenvolvimento infantil

Por Redação |
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Cuidados são fundamentais para garantir o desenvolvimento harmonioso da face, da função mastigatória e da fala
Cuidados são fundamentais para garantir o desenvolvimento harmonioso da face, da função mastigatória e da fala

Os transtornos bucais em crianças vão muito além da estética: podem comprometer funções vitais como mastigação, respiração, deglutição e fala. Um estudo da Associação Brasileira de Ortodontia (Abor) revelou que apenas 14,83% das crianças avaliadas apresentavam mordida normal. A maioria apresentava algum tipo de má oclusão: 57,24% tinham desalinhamento sem alteração esquelética, 21,73% queixo retraído e 6,2% queixo projetado para frente. Além disso, 52,97% sofriam com cáries e/ou perdas dentárias; 19,58% tinham mordida cruzada; 18,09% mordida profunda (ou sobremordida, quando os dentes superiores cobrem excessivamente os inferiores); e 15,85% mordida aberta, quando os dentes superiores e inferiores não se tocam ao fechar a boca.

O diagnóstico e o acompanhamento de alterações no crescimento facial e na oclusão dentária, por volta dos seis anos de idade, com ortodontistas ou ortopedistas funcionais dos maxilares, são fundamentais para garantir o desenvolvimento harmonioso da face, da função mastigatória e da fala. Essa atuação precoce pode mudar esse cenário e reforça a importância do “Julho Laranja”, campanha criada para conscientizar pais e responsáveis sobre a necessidade de avaliação precoce da saúde bucal infantil. A data coincide com o período de férias escolares, quando há maior procura por atendimentos odontológicos pediátricos.

A cirurgiã bucomaxilofacial do Vera Cruz Hospital, em Campinas, Laura D’Ottaviano, destaca que o diagnóstico precoce contribui para a reabilitação de funções importantes, melhora da autoestima e prevenção de complicações futuras. “Com uma intervenção oportuna, conseguimos evitar que problemas simples evoluam para quadros mais graves”, pontua.

Assim, o acompanhamento de um especialista é indispensável. “Além do alinhamento dentário, é importante incentivar hábitos saudáveis, como boa higiene bucal, alimentação equilibrada e sono de qualidade. Como diz o slogan da campanha: ‘Cuidados precoces, sorrisos pra toda a vida’, completa.

A cirurgiã bucomaxilofacial também orienta que mães, pais e/ou responsáveis tenham atenção a sinais como: dificuldade para mastigar, preferência por alimentos macios, dentes que não se encostam ao fechar a boca ou que se posicionam invertidos, desalinhamento dental, respiração bucal e alterações no perfil facial da criança. Laura explica ainda que os avanços tecnológicos têm contribuído significativamente para o diagnóstico e tratamento de tais alterações. “Exames de imagem mais precisos, planejamento digital em 3D e cirurgias guiadas por navegação permitem abordagens menos invasivas e com melhores resultados. Hoje, contamos com distratores ósseos e aparelhos ortodônticos modernos, indicados desde a infância, que melhoram o prognóstico e, muitas vezes, evitam a necessidade de cirurgias na vida adulta”, afirma.

A cirurgiã também esclarece as diferenças entre as especialidades. “O ortodontista ou ortopedista funcional atua na prevenção e correção de problemas dentários e funcionais com uso de aparelhos e eliminação de hábitos nocivos. Já o cirurgião bucomaxilofacial é indicado quando há necessidade de intervenção cirúrgica, especialmente em casos com comprometimento ósseo ou sequelas de trauma”, detalha.

A atuação do cirurgião é indispensável nos casos mais graves, que não podem ser resolvidos apenas com aparelhos ortodônticos. “Quando o crescimento dos ossos da face é afetado por fatores genéticos, traumas ou hábitos como uso prolongado de chupeta e sucção de dedo, a correção precoce pode evitar cirurgias mais invasivas na fase adulta”, alerta.

Laura também destaca a importância da avaliação dos freios labiais e linguais, cujas alterações podem comprometer funções essenciais da face. Entre as situações que exigem intervenção cirúrgica estão: presença de dentes supranumerários; dentes retidos (que não erupcionam na idade esperada); lesões ósseas como cistos e tumores; anquilose (quando a mandíbula se funde e impede a abertura da boca); além de fraturas mal diagnosticadas.

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