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Brasil lidera o mercado de fusões e aquisições na América Latina


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Mesmo em um cenário de maior cautela global, o Brasil manteve sua posição de liderança no mercado de fusões e aquisições (M&A) na América Latina no primeiro trimestre de 2025. Segundo levantamento da KPMG, foram 330 operações realizadas no período, o que representa uma leve queda de 6% em relação ao mesmo trimestre de 2024. Ainda assim, o país se mantém muito à frente dos vizinhos regionais.

Até maio, as transações movimentaram cerca de R$ 120 bilhões, reforçando a força do mercado brasileiro, mesmo diante da retração de investimentos estrangeiros, que recuaram 31% em comparação com o ano anterior. A seletividade aumentou, mas os setores estratégicos seguem aquecidos.

Telecomunicações e tecnologia seguem atrativos

O setor de telecomunicações continua sendo um dos pilares das movimentações recentes. Grandes operadoras vêm promovendo fusões e aquisições para ampliar sua infraestrutura e oferecer pacotes integrados. Um exemplo é o avanço da Claro TV, resultado de movimentos anteriores de consolidação entre empresas do grupo, que permitiram à operadora ampliar sua oferta de serviços de banda larga e televisão por assinatura com maior capilaridade nacional.

Também merece destaque a aquisição de 55% da Allrede Telecom pela Brasil TecPar, por R$ 335,9 milhões. A operação reforça a tendência de consolidação de provedores regionais por grandes grupos, principalmente fora dos grandes centros urbanos, com foco em ganho de escala e padronização de rede.

Setor de mineração dobra o número de operações

Um dos destaques do trimestre foi o setor de mineração, que dobrou o número de fusões e aquisições em relação ao mesmo período do ano anterior. O interesse crescente em minerais estratégicos como lítio, cobre e níquel — impulsionado pela transição energética e pela demanda internacional — colocou o Brasil em posição de vantagem na América Latina.

Esse movimento demonstra o interesse contínuo por ativos ligados à nova economia energética e à segurança de fornecimento de matérias-primas críticas.

A área de infraestrutura também manteve um bom desempenho, com destaque para operações envolvendo concessões de transporte, mobilidade urbana e geração de energia. Joint ventures e aquisições regionais foram impulsionadas por planos de expansão e necessidade de modernização de ativos.

Empresas que atuam com geração distribuída ou fontes renováveis também têm atraído investidores interessados em compor carteiras com viés sustentável e previsibilidade de retorno.

Educação e capacitação digital ganham espaço

No setor de educação, cresce o interesse por empresas com atuação digital e foco em qualificação profissional. Um exemplo é a movimentação realizada pela Fluency, empresa conhecida por seus cursos de inglês online, que adquiriu a edtech Awari, especializada em formações em tecnologia e carreiras digitais.

A transação reflete uma tendência de diversificação no setor, com empresas de educação linguística expandindo para áreas técnicas, com o objetivo de oferecer jornadas completas de aprendizado — do idioma ao desenvolvimento profissional. A expectativa da empresa é encerrar 2024 com uma receita de R$ 200 milhões, resultado da integração entre cursos de inglês e capacitação em áreas como UX, programação e análise de dados.

Perspectivas para o segundo semestre

Apesar de um cenário macroeconômico ainda instável, o mercado brasileiro de M&A mostra sinais de resiliência e adaptação. A expectativa é de que o segundo semestre mantenha o ritmo atual, com menos transações de volume elevado, mas com foco claro em setores estratégicos e com potencial de sinergia.

A combinação entre ativos consolidados, inovação tecnológica e busca por eficiência continuará impulsionando as negociações. Setores como saúde, educação, infraestrutura e energia devem seguir como alvos preferenciais de fundos e grandes grupos.

O desempenho do Brasil no primeiro trimestre de 2025 reforça sua posição como líder regional em fusões e aquisições. O cenário atual revela um mercado mais seletivo, mas também mais estratégico — guiado por decisões estruturadas, expansão inteligente e ativos com alto potencial de integração.

Setores ligados à conectividade, energia, educação e digitalização continuam atraindo capital e interesse. Para empresas com visão de longo prazo, o ambiente permanece fértil para crescimento sustentável via M&a.

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