OPINIÃO

Masculino

Por Padre Charles Borg | especial para a Folha da Região
| Tempo de leitura: 2 min

Silente celebridade! Celebridades, masculinos inclusive, são manchete quando suas realizações extrapolam o normal tanto em condutas excêntricas como em exibições de patrimônios. São modelos que se enquadram perfeitamente na atual cultura narcisista e consumista que tanto enfeitiça. Sobram relatos de leviandades e infidelidades, de abandonos e descasos, de violências e desrespeito.

Carece a sociedade de genuínos heróis masculinos cujo exemplo de vida serve de inspiração real para uma existência digna e profícua, ao alcance do cidadão comum! Possivelmente seja por este motivo que em alguns países o dia dos pais é comemorado no dia dedicado a S. José, 19 de março.

A devoção a são José, esposo da virgem Maria e pai adotivo de Jesus, é um fenômeno tardio na cronologia santoral da Igreja Católica. Alguns historiadores atribuem esse inexplicável descaso ao foco ocupado pela virgindade de Maria. Somente na idade média começa a emergir a devoção a São José.

A Igreja e a Europa precisavam, com urgência, de um pai que cuidasse delas. Inicia-se, assim, uma crescente devoção à pessoa a quem Deus confiou o cuidado de seu Filho encarnado e da mãe dele, que culmina com a fixação da celebração da sua memória no dia 19 de março. Isto por volta do ano 1570.

No final do sec. XIX, a figura de são José reveste-se de significativa importância como contraponto à expansão da filosofia comunista. Passa a ser venerado como patrono de todos os trabalhadores, modelo do operário cristão.

Curiosamente, as poucas referências à figura do carpinteiro de Nazaré registradas nos evangelhos estimulam os estudiosos a contemplar mais profundamente a discreta presença. O esposo de Maria é descrito como homem justo – predicado atribuído principalmente a Deus nos livros sagrados – compenetrado respeitador da dignidade alheia.

Graças ao seu sentimento de justiça, José não se precipita em denunciar Maria. Ponderado, reflete e reza. E encontra a justa resposta. Abre mão de seu direito legal para servir ao plano de Deus! Dele não se encontra registro de nenhuma palavra, indicativo claro a confirmar seu caráter de pessoa ponderada. Em tempos, como o atual, quando palavras correm soltas e danosas, porque pronunciadas – e escritas – de forma irrefletida, o exemplo de um homem equilibrado, que prefere refletir antes de soltar o verbo, impacta positivamente.

Incerto anda o conceito de masculinidade. Em crise está a paternidade. A projeção narcisista, que insiste em exaltar o físico e propagar o fútil, aliada ao ambíguo conceito de superioridade de gênero, exibido num machismo prepotente e autoritário está comprovadamente ultrapassada.

O mundo precisa de homens, esposos e pais, que se destacam não pelo ruído, mas por uma sabedoria alicerçada na justiça e na ponderação e por uma ascendência que encontra sua mais genuína expressão no respeito e na terna dedicação! Silente celebridade é S. José!

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