No domingo passado, dia 2, o cinema brasileiro ganhou seu primeiro Oscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, a maior premiação do cinema mundial. A cerimônia aconteceu em Los Angeles, nos Estados Unidos.
O filme “Ainda estou aqui”, do diretor Walter Salles, com Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello, foi eleito o melhor na categoria “Filme internacional”. Mas o que essa premiação tem a ver com o Dia Internacional das Mulheres, comemorado mundialmente ontem, dia 8 de março? Tudo!
“Ainda estou aqui” conta a história de uma mulher, Eunice Paiva, brasileira, dona de casa, mãe de cinco filhos, que, de uma hora para outra, fica sem o marido e, aos 47 anos, precisa cursar faculdade para sustentar a família porque o engenheiro e ex-deputado Rubens Paiva havia “desaparecido”.
Foram anos de luta de uma mulher contra o Estado para provar que o marido havia sido torturado e assassinado pela ditadura militar brasileira instalada no país após o golpe de 1964. O filme foi baseado em livro homônimo escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice.
São muitas as Eunices lutando todos os dias contra as injustiças de um país ainda muito desigual. E para que as novas gerações de mulheres escolham melhor suas influenciadoras, aproveito a data e deixo aqui breves biografias de brasileiras que merecem nosso respeito e admiração todos os dias:
Dandara dos Palmares. Foi uma importante líder quilombola e guerreira do Brasil colonial, nascida no século XVII. Ela se destacou como uma das principais figuras do Quilombo dos Palmares, onde lutou contra a escravidão e pela liberdade dos negros. Dandara era conhecida por sua coragem e habilidades de combate, além de ser uma defensora dos direitos dos oprimidos. Sua vida e legado inspiram movimentos sociais até hoje. Ela é frequentemente lembrada como um símbolo de resistência e luta pela igualdade.
Carolina Maria de Jesus. Nascida em 1914, foi uma escritora e ativista brasileira, conhecida por seu diário que retrata a vida na favela do Canindé, em São Paulo. Sua obra mais famosa, "Quarto de Despejo", foi publicada em 1960 e trouxe à luz as dificuldades enfrentadas por pessoas em situação de pobreza. Carolina se destacou por sua prosa crua e honesta, que expôs a realidade da vida nas favelas. Ela se tornou uma voz importante na literatura brasileira, desafiando estereótipos e preconceitos.
Irmã Dulce. Nascida Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes em 26 de maio de 1914, em Salvador, Bahia, foi uma freira e missionária brasileira. Desde jovem, dedicou-se a ajudar os pobres e doentes, fundando, em 1959, a Obras Sociais Irmã Dulce, que oferece assistência a pessoas em situação de vulnerabilidade. Conhecida como "o anjo bom da Bahia", ela se destacou por seu trabalho incansável em prol dos necessitados. Em 1988, foi nomeada a primeira mulher a receber o título de "Cidadã Baiana". Irmã Dulce faleceu em 13 de março de 1992, mas seu legado de amor e solidariedade continua vivo. Em 2010, foi beatificada pelo Papa Bento XVI e, em 2019, canonizada pelo Papa Francisco, tornando-se a primeira santa brasileira.
Eunices, Dandaras, Carolinas, Dulces. Mas podem chamar de Marias. Feliz Dia Internacional das Mulheres todos os dias.
Ayne Regina Gonçalves Salviano é graduada em jornalismo e marketing digital. Especialista em metodologia didática do ensino superior. Mestre em comunicação e semiótica com MBA internacional em gestão educacional.
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