OPINIÃO

Fila do INSS cresceu quase 50%

Por Eduardo Canola | especial para a Folha da Região
| Tempo de leitura: 2 min

A fila de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) alcançou a marca de 2 milhões de requerimentos em análise, atingindo o maior volume desde o governo Bolsonaro. Um aumento na ordem de 46,6% na quantidade de processos pendentes de análise.

Esse acúmulo reflete desafios estruturais agravados por reformas previdenciárias, crises econômicas e pressões demográficas.

A situação atual tem raízes na reforma da Previdência de 2019, que alterou regras de acesso a aposentadorias e benefícios assistenciais. Embora a medida tenha buscado equilibrar as contas públicas, restringiu o acesso a direitos sociais, especialmente para trabalhadores informais e grupos vulneráveis. Dados do próprio INSS mostram que, entre 2019 e 2022, o tempo médio de análise saltou de 45 para 112 dias.

A crise sanitária de 2020-2021 ampliou as solicitações, com aumento de 37% em pedidos de auxílio-doença e benefícios por incapacidade. Paralelamente, o fechamento de agências físicas durante o ápice da COVID-19 criou um gargalo tecnológico, já que 28% dos segurados enfrentavam dificuldades para usar plataformas digitais, segundo pesquisa do IBGE.

A alta da inflação (acumulando 12,3% entre 2022 e 2024) e o desemprego persistente (8,9% no último trimestre) pressionaram novas demandas por benefícios como seguro-desemprego e salário-maternidade. Somente em janeiro de 2025, foram protocolados 310 mil novos pedidos, 18% acima do mesmo período de 2024.

MEDIDAS

O governo federal anunciou em fevereiro um plano emergencial com contratação de 1,2 mil peritos médicos temporários, ampliação do horário de atendimento em 15 estados e priorização de casos críticos como câncer e HIV.

Entretanto, sindicatos apontam que essas ações não resolvem problemas crônicos: déficit de 40% nas equipes técnicas, sistemas informatizados obsoletos e falta de integração com bancos de dados da saúde pública

Propostas

Economistas sugerem três eixos de solução: modernização tecnológica (implantação de inteligência artificial para triagem inicial), revisão de processos (simplificação de formulários e requisitos documentais) e políticas preventivas (programas de requalificação profissional para reduzir novas demandas).

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas estima que a combinação dessas medidas poderia reduzir a fila em 35% em 18 meses, com investimento inicial de R$ 780 milhões.

Impactos 

As consequências do atraso nas análises são desproporcionais: Norte e Nordeste concentram 62% dos casos pendentes, 44% dos afetados têm renda familiar abaixo de 2 salários mínimos e mulheres representam 58% dos requerentes, especialmente em licenças-maternidade

Perspectivas

Analistas projetam que a fila pode chegar a 2,3 milhões até junho se mantido o atual ritmo de 85 mil novas solicitações semanais. O desafio exigirá não apenas medidas emergenciais, mas reformulações profundas na gestão da previdência social brasileira, equilibrando sustentabilidade fiscal e proteção aos cidadãos mais vulneráveis.

Os dados aqui citados foram retirados de diversas notícias veiculadas na imprensa nas duas últimas semanas sobre este assunto. Importante lembrar ainda que esta fila retrata apenas os pedidos iniciais, ou seja, não contabiliza os recursos interpostos quando o benefício foi indeferido.

Se tiver dúvidas ou quiser enviar sugestões sobre assuntos para a coluna, acesse o site www.eduardocanola.com.br

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