
É tempo de civilidade! A recente ascensão ao poder de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos reacendeu a polarização ideológica que marca a vida civil mundo afora. O discurso inaugural do 47º presidente do país mais poderoso do mundo, confirmado pela assinatura dos primeiros decretos, alimenta mais ainda as difusas divergências.
Com justificada apreensão acompanha-se o recrudescimento dos embates ideológicos na imprensa, nas redes sociais e, particularmente, nas conversas nos micro mundos de famílias e amigos. Regido pela emoção, o clima costuma esquentar, rebaixando as conversas a agressões e insultos, alimentando divisões e disseminando feridas.
Na falta de equilíbrio emocional sobra a intolerância. Dissemina-se o ressentimento. Instala- -se o antagonismo, inclusive em conclaves religiosos! Aprofunda- se a divisão. Olvida-se o elementar princípio: nenhum progresso sustentável se contabiliza num reino dividido. Antagonismos geram atrasos! Urge resgatar a civilidade!
Enriquecedora é a pluralidade! Maior encanto de um jardim advém da diversidade de fl ores. Agir com civilidade jamais equivale a abrir mão das próprias convicções. É saber sujeitar essas convicções a valores transcendentes. Emerge, como um dos principais pressupostos, a capacidade de discernir. Em política, como em tantos outros aspectos da vida, não existe ideologia perfeita. Nem protagonistas impolutos!
A convicção nessas premissas fundamentais induz o ponderado cidadão a avaliar com isenção seus conceitos, filtrando cuidadosamente suas fontes de informação.
Sábio é o cidadão conscientemente aberto a ajustar opiniões. Pessoa preconceituosa raramente amadurece. Quem não é capaz de operar ajustes estagna! Emerge outro valor fundamental na construção de convívios civilizados: a capacidade de ouvir. Ouve o sujeito consciente que não sabe tudo! Que não é dono da verdade, em suma. Que admite, sim, espaço para enriquecer-se com opiniões diversas. Ouve quem sabe ficar em silêncio, dando ao outro janela e condições para expor seu ponto de vista!
A cultura narcisista, marca inconfundível do comportamento moderno, passa a ilusão que somente é reconhecido o sujeito que se impõe. Abundam oradores, pretensos carismáticos.
Onde todos falam, o resultado previsível é de monólogos ruidosos e inconsequentes! Nesta insana busca por ascendência, a falta de respeito para com a dignidade do semelhante salta evidente. Sem respeito, alimenta-se o distanciamento. Aprofunda-se o abismo de ressentimentos. Embaraça a aproximação.
Premente se faz recuperar a civilidade, tanto por parte de políticos como também por parte de apoiadores. Prosperidade e progresso nascem da harmonia e da colaboração. Urge sanar a divisão! Urge sepultar as confrontações! Urge investir na cultura da aproximação! Discursos comovem. Presenças atraem. Somente exemplos inspiram! Civilizados, todos são vencedores!
O padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba
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