Opinião

“Apagão” de professores


| Tempo de leitura: 3 min

Luxemburgo é o lugar que melhor remunera professores no mundo. Um levantamento internacional recente mostra que lá, profissionais que lecionam recebem, aproximadamente, 100 mil dólares por ano, o equivalente a R$ 570 mil reais em valor atual, ou seja R$ 47,5 mil por mês.  
A Suíça vem em segundo lugar, pagando 70 mil dólares/ano (R$ 33,3 mil/mês), enquanto a média das outras profissões naquele país chega apenas até 50 mil dólares/ano, ou seja, o professor na Suíça é o profissional mais bem remunerado.

Em terceiro lugar está a Alemanha, que paga uma média de 65 mil dólares/ano (R$ 31 mil/mês) e ainda fornece habitação gratuita aos mestres. 
Nos Países Baixos, na quarta posição entre aqueles que melhor remuneram os professores, eles ganham 60 mil dólares/ano (R$ 28,5 mil/mês).
É claro que cada país tem seu sistema educacional relacionado às suas dimensões territoriais, o tamanho da sua população, a quantidade de renda, mas o que se quer mostrar aqui é a questão sobre a valorização da pessoa que ensina, especialmente porque no último dia 15 foi celebrado o Dia do(a) Professor(a).
Assim, do outro lado dessa linha, infelizmente, está o Brasil. De acordo com o relatório “Education At a Glance 2021”, um educador brasileiro ganha, em média, 14 mil dólares por ano, o mesmo que R$ 79,8 mil por ano ou R$ 6,6 mil por mês. E nesse ponto do artigo, algum leitor, professor, ficará muito irritado porque essa, realmente, não é a realidade da maioria dos mestres.

Explico: essa é a média salarial, levando em conta os maiores salários dos docentes com os mais altos índices de titulação das universidades até os salários iniciais de professores iniciantes no ensino infantil. A maioria dos professores brasileiros ganha mesmo na faixa de R$ 2,5 mil por mês, de acordo com levantamentos recentes que levam em conta, especialmente, o valor da hora/aula e a quantidade de aula de cada profissional.
Em São Paulo, um dos estados mais desenvolvidos economicamente da Federação, de acordo com o Instituto Semesp, os valores mais próximos da realidade são: Professor de educação infantil (creche): R$ 2.489,00; Professor de educação infantil (pré-escola): R$ 3.777,00; Professor de ensino fundamental I: R$ 3.810,00; Professor de ensino fundamental II: R$ 3.835,00, e Professor de ensino médio: R$ 5.418,00.

Segundo a OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, o piso salarial de docentes brasileiros é o mais baixo dentre 40 nações analisadas de outros países latino-americanos, com realidades mais próximas a do Brasil
Fato é que a baixa remuneração dos docentes, especialmente do ensino público, aliado às difíceis condições de trabalho, como as salas de aula superlotadas e escolas sem bibliotecas, sem laboratórios, sem computadores, entre outros fatores, tem afastado interessados na Educação.

Ademais, o desinteresse dos jovens pelas carreiras de licenciatura, o envelhecimento do corpo docente e o abandono da profissão contribuem para que, em um futuro muito próximo, faltem, segundo os especialistas, aproximadamente 235 mil professores na educação básica e 520 mil no ensino médio.
Esse “apagão” de professores já vem ocorrendo, especialmente nas escolas públicas, onde alunos ficam sem aulas por falta de especialistas em determinadas disciplinas. De acordo ainda com o Instituto Semesp, as disciplinas mais prejudicadas são biologia, com -21,3% de profissionais necessários, química (-12,8%), ciências sociais (-11,7%), letras (-10,1%), história (-7,5%) e geografia (-6%).

O que acontece com um país que não investe em Educação? Aumento da pobreza, da miséria, da fome e da violência são alguns resultados bem conhecidos. O subdesenvolvimento da nação está garantido.
O que acontece com um país que investe em Educação? Basta olhar o Japão, a China, a Coreia do Sul e Taiwan, por exemplo, potências econômicas hoje porque, em um passado recente, investiram em Educação.
Importante lembrar que, apesar de todas as adversidades, estudantes brasileiros brilham em competições internacionais. Já imaginaram, então, o que aconteceria se nossos prefeitos, governadores, presidente da República, deputados e senadores voltassem suas atenções para a Educação desse país?

Fale com o Folha da Região!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários