Impressão minha ou muitas histórias estão se perdendo pelo caminho e, por isso, alguns fatos, ações e eventos não estão tendo o devido valor?
Contextualizar o presente a partir do passado me parece um trajeto lógico e seguro, por isso vou adotar essa estratégia aqui também para abordar o Outubro Rosa, esse movimento de conscientização pela necessidade de um diagnóstico prematuro com relação ao câncer de mama.
Tudo começou assim: No século passado, algumas mobilizações isoladas, em alguns estados dos Estados Unidos, começaram a chamar a atenção das pessoas para o fato de que o câncer de mama, descoberto precocemente, tinha cura e, portanto, não era preciso sofrer com a morte de alguém amado.
Entre as iniciativas que deram visibilidade ao movimento estava uma do Instituto Susan G. Komen Breast Cancer Foundation. Em 1983, a fim de arrecadar fundos para as suas pesquisas, ele promoveu a primeira “Caminhada pela Vida”, em Dallas, no Texas. O evento contou com cerca de 800 participantes e marcou o início de uma ação que ganharia dimensões mundiais.
Em 1991, os laços de fitas rosas foram distribuídos a todos os participantes da Caminhada pela Vida, em Nova York, tornando-o o símbolo oficial da campanha, que já tinha crescido a ponto de chegar ao Congresso norte-americano, que oficializou outubro como “o mês nacional de prevenção ao câncer de mama”.
Nascia, então, o “Outubro Rosa”, uma série de eventos, palestras e ações que buscam conscientizar as pessoas, especialmente as mulheres, sobre a necessidade de prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, o segundo tipo mais comum em mulheres, mas que também acomete os homens.
No Brasil, a primeira ação do Outubro Rosa ocorreu em 2002, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, quando o Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32 foi iluminado de rosa por um grupo de mulheres simpatizantes com a causa. Hoje, fachadas de prédios e monumentos são tingidos com luz rosa para lembrar sobre a urgência de se cuidar.
Nos meses de outubro, a campanha mobiliza governos, entidades, instituições e empresas — tanto públicas quanto privadas — para disponibilização de exames gratuitos ou com preços reduzidos, a fim de encorajar, principalmente as mulheres, uma vez que esse câncer é uma das principais causas de morte das brasileiras.
Como os demais outros tipos, o câncer de mama surge quando há uma mutação genética que causa a multiplicação desenfreada de células anormais formando um tumor. Mas fatores ambientais, genéticos e de estilo de vida também interferem no processo. Mulheres obesas após a menopausa, pessoas sedentárias ou que consomem bebidas alcoólicas de forma exagerada têm mais propensão à doença.
Para que haja maiores chances de cura, o tumor deve ser identificado precocemente. Exames como a mamografia, que deve ser feita frequentemente a partir dos 40 anos, segundo os médicos, são imprescindíveis para a descoberta de um câncer que pode ser tratado rapidamente.º
E aqui é importante destacar: apesar de o autoexame das mamas ser muito divulgado, ele detecta alterações em estágios mais avançados enquanto a mamografia é capaz de detectar alterações e tumores em estágios mais iniciais, aumentando as chances de cura. Por isso, o autoexame não dispensa a mamografia.
Mas por que, depois de tantos anos, ainda morrem tantas pessoas com câncer de mama? Segundo o último levantamento divulgado pela ONU – Organização das Nações Unidas em 2022, mais de 2,3 milhões de pessoas tiveram câncer de mama no mundo naquele ano, sendo que desse total, 670 mil perderam a vida. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, aproximadamente 20 mil pessoas morrem por ano da doença.
A resposta está na desigualdade social que gera a dificuldade de acesso à Saúde. Pessoas que não têm acesso a consultas, exames, tratamentos, medicação, alimentação adequada e outros cuidados podem mesmo perder a vida para uma doença que tem cura.
Daí a necessidade de valorizarmos o SUS – Sistema Único de Saúde, que mantém hospitais especializados, como o Hospital de Amor, onde todos são atendidos gratuitamente com consultas, exames, cirurgias, tratamentos e medicações adequadas. Seria bom que esses atendimentos fossem mais ágeis, com menor tempo de espera? Com certeza!
Também é preciso valorizar organizações não-governamentais, associações e todos os tipos de voluntariado que ajudam esses hospitais e pacientes. Que muito em breve possamos diminuir os números das estatísticas.
Ayne Regina Gonçalves Salviano é jornalista, especialista em Metodologia Didática, mestre em Comunicação e Semiótica com MBA Internacional em Gestão.
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