OPINIÃO

Ayne Salviano: A dor de Iza também é nossa

Por Ayne Regina Gonçalves Salviano | Especial para a Folha da Região
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução / Instagram

A cantora e compositora Iza, uma das vozes mais aclamadas da música pop brasileira, usou suas redes sociais na última quarta-feira, dia 10, para expor a traição do companheiro, Yuri Lima, jogador de futebol no Mirassol Futebol Clube, time que disputa a série B do Campeonato Paulista. Eles estavam juntos desde janeiro de 2023 e a cantora está grávida de seis meses do primeiro filho do casal.

De acordo com o depoimento emocionado de Iza, Yuri mantinha conversas em aplicativos de mensagens com outra mulher, com a qual já havia se relacionado no passado. A pessoa em questão tentou vender os “prints” dessas conversas comprometedoras para um site de fofocas e a cantora foi avisada pelos jornalistas.

Iza é uma profissional de sucesso, amada pelo seu público, com carreira consolidada, milionária. Yuri é um jogador de futebol da série B, com idade avançada para quem sonha em ser ídolo. Sem mais. 

Entre tantas diferenças, algumas perguntas cabem em uma análise inicial dessa traição. E não. Esse artigo não é sobre moral e bons costumes. Homens e mulheres traem. Homens em maior número. O que pretendo provocar são reflexões iniciais sobre as diferenças de gênero e dos papeis de mães e pais em uma sociedade patriarcal.

Mas, primeiro, vamos contextualizar a gravidez: É a mulher quem gesta, que vê seu corpo mudar, adaptar-se, transformar-se e até deformar-se ao longo dos meses. É a mulher que sente o feto e seus movimentos em total integração. Mas atenção: não romantizem a maternidade. Gravidezes são sempre carregadas de muitas dores físicas e emocionais.

Será que é porque o feto se desenvolve fora do corpo masculino que alguns homens como Yuri Lima não se sentem pais responsáveis nesse período tão difícil para as mães? 

Repito aqui, então, os questionamentos da psicóloga Christiane Contreiras em seu perfil profissional em uma rede social: “Qual o valor da vida? E um filho? Que valores e afetos se têm oferecido? Quanto vale uma relação de pai? O que é ser pai? Será que todos são dignos da paternidade? Que valor dão a si mesmos? Masculinidades incluem amor? O quanto de ódio se tem do feminino? O que é amor?”

Essas perguntas são gatilhos. Encontrei algumas respostas na obra Tudo sobre o amor, de bell hooks (com minúsculo mesmo). Ela escreveu: “Nos primórdios do movimento feminista, as mulheres insistiam que os homens tinham vantagens porque geralmente controlavam as finanças. 

Agora que mais mulheres têm alcançado o poder (embora não em quantidade equivalente aos homens) e se tornado mais independentes economicamente, homens que querem manter seu domínio precisam empregar estratégias mais sutis para colonizar as mulheres e minar seu poder.

Até mesmo a profissional mais bem sucedida pode ser ´derrubada´ por estar em um relacionamento no qual deseja ser amada, mas é constantemente enganada. Na medida em que ela confia em seu companheiro, a mentira e outras formas de traição provavelmente despedaçarão sua autoconfiança e sua autoestima.”

Foi o que aconteceu com Iza, Beyoncé, Miley Cyros, Shakira, mulheres lindas, famosas e ricas, traídas pelos seus companheiros. É o que acontece diariamente com outras dezenas de Izas, menos famosas e ricas, entretanto mães, o que torna a traição mais dolorosa porque há filhos envolvidos. 

A verdade é que Yuri Lima não merece Iza. E Iza não merece Yuri Lima. E todas as Izas, mulheres grávidas, puérperas, mães-solo, não merecem homens traidores.

Ayne Regina Gonçalves Salviano é jornalista, especialista em Didática, mestre em Comunicação e Semiótica, com MBA em Gestão.

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