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Torcedores são condenados à prisão por ataques racistas a Vini

da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/X @realmadrid
Caso que levou à condenação ocorreu em 2023, em partida do Real contra o Valência, quando Vini sofreu falta e foi chamado de 'mono' (macaco, em espanhol)
Caso que levou à condenação ocorreu em 2023, em partida do Real contra o Valência, quando Vini sofreu falta e foi chamado de 'mono' (macaco, em espanhol)

A Justiça da Espanha condenou a oito meses de prisão três torcedores do Valência acusados de proferirem insultos racistas contra o brasileiro Vinicius Jr, durante partida do campeonato espanhol, em maio do ano passado. O trio também ficou proibido de ir a estádios durante dois anos.

Os três foram considerados culpados na acusação de delito contra a integridade moral, com agravante de discriminação por motivos racistas.

Segundo a LaLiga, responsável pelo campeonato espanhol, esta é a primeira sentença condenatória deste tipo na Espanha como consequência da denúncia feita pela própria liga. "Esta sentença é uma grande notícia para a luta contra o racismo na Espanha, já que repara o dano sofrido por Vinicius Jr. e lança uma mensagem clara às pessoas que vão a um estádio de futebol para insultar: de que a La Liga os detectará, denunciará e haverá consequências penais para eles", afirmou o presidente da entidade, Javier Tebas.

Segundo o Real Madrid, o trio escreveu uma carta pedindo desculpas ao atacante brasileiro. "Os três acusados assumiram a sua responsabilidade criminal e tornaram pública uma carta de desculpas dirigida ao nosso jogador Vinicius Junior, ao Real Madrid e às pessoas que se sentiram ofendidas e ofendidas", informou o clube em nota.

"Entendo que possa haver certa frustração pelo tempo que essas sentenças levam para serem proferidas, mas isso demonstra que a Espanha é um país garantista a nível judicial", acrescentou o presidente da LaLiga.

O próprio Tebas se viu envolvido no escândalo dos ataques racistas contra Vinicius Jr. Após a partida em que foi chamado de macaco, o atleta fez uma crítica pública à falta de punições na liga espanhola.

Após o episódio, Tebas insinuou no Twitter que o jogador estava sendo manipulado e que não deixaria o brasileiro manchar a imagem da competição.

Vinicius Junior foi ao ataque com fotos, vídeos e mensagens ressaltando episódios de racismo sofridos por ele e outros jogadores. O atacante recebeu apoio de nomes do esporte e de autoridades. Na sequência, Tebas pediu desculpas, e a La Liga lançou uma série de medidas de combate à discriminação racial no futebol.

Insultos racistas

O caso que levou à condenação ocorreu em maio de 2023. Os insultos começaram por volta dos 15 minutos do segundo tempo, quando o brasileiro sofreu uma falta e foi chamado de "mono" (macaco, em espanhol) por torcedores adversários. Os xingamentos continuaram, a ponto de o locutor do estádio intervir pedindo o fim dos gritos, para que a partida não fosse suspensa.

Já nos acréscimos, depois de Vinicius identificar um dos torcedores e denunciá-lo para a arbitragem com gestos, jogadores das duas equipes trocaram empurrões. O brasileiro recebeu um "mata-leão" do atacante Hugo Duro e, ao se desvencilhar, atingiu o jogador do Valencia no rosto - a ação foi punida com o cartão vermelho.

Após a partida, o técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, saiu em defesa de Vinicius e classificou o ocorrido como "inaceitável". "O ambiente estava muito tenso, muito ruim, perguntei se ele queria continuar em campo. O fato de pensar que tenho que tirá-lo por causa de racismo não me parece certo. Eu devo tirar um jogador se ele não está jogando bem, mas pensar em tirar um jogador por racismo, nunca aconteceu comigo."

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