Ingredientes
- 2 ovos
- 2 copos de polvilho (doce ou azedo)
- Dois terços de copo de óleo
- Meio copo de leite
- 1 pitada de sal
- 1 colher (sopa) de queijo ralado
Semana passada comentei em crônica na página “Nossas Letras” sobre dona Vera, que lida de um jeito amoroso com a terra, a quem dedica amor singular. Na sua chácara chamada Cristal ela trabalha com a família extraindo do solo alimentos para o corpo e usando sua criatividade na grande e arejada cozinha. Suas receitas vêm tomando conta da Internet, onde ela já angariou 500 mil seguidores. Eu componho este número, diante da mulher valente que faz muito com pouco. Fazer muito quando se tem muito, não é lá algo digno de aplausos. Mas fazer muito com pouco é outra coisa, demanda criatividade e esforço, merece reconhecimento.
Os pratos que ela faz derivam de receitas antigas, legadas por avós e pais, todos moradores da roça. Entre os ingredientes triviais estão o polvilho fabricado ali mesmo com as mandiocas arrancadas no quintal; o fubá que entra em quase todas as quitandas; as farinhas de milho e mandioca; café torrado e moído na hora na quantidade precisa de cada coada; rapaduras, banha de porco, legumes e verduras ao alcance das mãos, nos canteiros que todo final de tarde recebem cuidados de quem aprendeu cedo a respeitar a natureza.
A receita de maior sucesso até agora, tendo viralizado na internet, foi um biscoito diferente pelo visual, embora na composição não seja muito diferente daqueles que conhecemos. Antigamente era chamado de “Biscoitão”, conforme afirma a influencer do alto de sua sabedoria e experiência. Mas um dia, tendo feito o tal biscoito para os netos, o mais velho lhe disse que a aparência era a de uma montanha russa e ele ficou assim batizado. Desde então, centenas de montanhas russas pipocam nas redes. Quem gosta de cozinhar ou é apenas curioso se viu tentado a reproduzir o quitute pois a princípio parece que não vai dar certo, que é impossível a um mingauzinho ralo se transformar em um biscoito tão alto. Mas quando quinze minutos depois a massa raquítica se ergue em montes, as bocas se arredondam em ohs.
O surpreendente é que cada biscoito sai de um jeito; não há um desenho igual ao outro, pelo que vi no Youtube. Quis fazer a experiência e gostei muito. Mas como dona Vera, faço o alerta: é merenda pra comer na hora; passado trinta minutos, murcha, perde a graça. Mas enquanto quente é deliciosa, especialmente se acompanhada por cafezinho.
Se você que lê essas linhas quer tentar, saiba que errado não dá. Basta misturar os ovos com polvilho, óleo, leite e sal nas medidas indicadas. Pode-se bater à mão ou no liquidificador. A massa vai lembrar a das panquecas, bem mole. Aí é colocar numa assadeira bem untada com óleo, salpicar um pouquinho de queijo ralado na superfície e levar ao forno já aquecido a 180 graus. Fique de olho para ver crescer as montanhas no relevo que até então lembrava planície. Quando dourar, retire e deguste.
PS-1: Não caia na tentação de usar muito queijo ralado porque ele pode pesar e impedir o crescimento do polvilho. É só um pouquinho. Mesmo.
PS- 2: O copo usado é o de requeijão, equivalente a uma xícara de chá.
Sonia Machiavelli é professora, jornalista, escritora; membro da Academia Francana de Letras
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