ASSÉDIO NA IGREJA

Prints de conversa por app revelam pedido íntimo de bispo a padre que denunciou estupro

da Redação Sampi
| Tempo de leitura: 2 min
Diocese de Catanduva/Divulgação
Ex-bispo Dom Valdir Mamede de Catanduva (SP)
Ex-bispo Dom Valdir Mamede de Catanduva (SP)

Conversas por aplicativo expõem detalhes um caso envolvendo o ex-bispo suspeito de estuprar, assediar e importunar sexualmente um padre de 31 anos. Os prints, revelados pelo Portal G1, mostram que o bispo pediu para a vítima depilar seu corpo, em um dos episódios de assédio que teriam ocorrido em 2023, e registrados em boletim de ocorrência no último dia 22 de março.

Segundo relatos do padre à reportagem do portal citado, Dom Valdir Mamede, então bispo da Diocese de Catanduva (SP), teria cometido diversos abusos, incluindo agressão sexual e intimidação. O suspeito chegou a renunciar ao cargo em novembro de 2023. Antes dos abusos, o ex-bispo teria solicitado que o padre o ajudasse a se barbear, em uma tentativa de manipulação emocional.

O G1 ouviu o padre, que disse que o bispo dizia que gostava de estar perto dele e que, se fosse transferido, gostaria que ele o acompanhasse, “pois ocupava um lugar especial na vida dele”. “Assim, eu ficava feliz porque, até então, não via maldade, o considerava um pai”, contou a vítima.

O padre também relatou ao portal que Dom Valdir Mamede chegou a agarrá-lo e  beijá-lo à força, além de cometer violência sexual. Em um dos relatos, ele cita que a violência ocorreu na casa do então bispo, quando o suspeito pediu que ele o acompanhasse até o local por estar alcoolizado. “Ele pulou em cima de mim, me agarrou, me beijou à força. Me senti um lixo. Diante desse inesperado, fiquei travado, não conseguia reagir. Após algumas horas, ele me pediu perdão e disse que isso jamais voltaria a ocorrer”, contou à vítima à reportagem do G1.

Além dos relatos de violência sexual, o padre também mencionou que Dom Valdir realizava chamadas de vídeo nas quais se despia e se masturbava diante da vítima.

Ainda conforme reportagem do G1, o caso ganha contornos ainda mais graves quando o padre descreve momentos em que foi forçado pelo bispo a abrir a porta de sua casa para tentativas subsequentes de abuso. Após denunciar os crimes à Nunciatura Apostólica e enfrentar pressões psicológicas, o padre decidiu recorrer à Justiça.

Os prints das conversas foram encaminhados à Polícia Civil para investigação, que já está em andamento sob sigilo judicial. Em razão dos danos à sua saúde psicológica, o padre está de licença médica e afastado do trabalho. A reportagem tentou contato com o bispo, mas não obteve retorno.

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