Crônica

Zumbido & Labirintite

07/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Tenho os dois! Zumbido faz uns 20 anos e nem me venha o desavisado leitor com indicação médica ou remédio milagroso. Já tentei de tudo: consultei especialistas, passei(?) por exames clínicos e laboratoriais, de audiometria, sonografia, tomografia, radiografia e, talvez até, de geografia. Tomei todo tipo de remédio alopata e homeopata, inclusive apliquei gentilmente pomada Dexametasona na cavidade auricular(ôpa!). E mais vitaminas, comi salmão e produtos vegano. Me submeti a exercícios de movimentação do crânio, de respiração, ouvi cachoeiras, ruídos diversos e mais fortes e nada que desviasse a atenção do meu cérebro para espantar o tal do zumbido. É o dia inteiro, durante ininterruptas 24hs, aquele “biiiimmmmmm” interminável nos dois ouvidos e onde quer que esteja e fazendo o que estiver fazendo. Não tem jeito, o silvo uniforme e constante permanece lá dentro da cabeça. Mesmo dormindo...

Para quem nunca passou por isso, o Zumbido, como doença, consiste no paciente ouvir esse silvo eterno oriundo de fonte sonora inexistente. De acordo com a ATA – Associação Americana de Zumbido (pode?) cerca de 20% da população adulta sofre desse mal, pelas mais variadas causas. Quer dizer, não estou só! Quem quiser pesquisar vai encontrar “sites de cura” a rodo. Se tiver paciência para ouvir trocentas horas de blablabá, irá concluir que...não tem cura. Eu acho que o meu surgiu de tanto ouvir Credence Clearwater com as orelhas entre duas caixas Bose a todo vapor, quase explodindo com a voz rouca e a guitarra rasgante do John Fogerty.

Recentemente, por indicação de médico otorrinolaringologista(êpa!), repeti o exame de audiometriade sangue, enzimas e etc., para, ato contínuo, consultar umaespecialista em zumbido, famosa por usar tecnologia de ponta vinda da Suécia. Consistia em, depois de certo treinamento, acoplar nas orelhas uma espécie de aparelho auditivo de pequenas proporções, quase invisível aos olhos de curiosos. Essa parte invisível muito me interessou, porque uma das tragédias de qualquer enfermidade é ter que explicar tudo ao curioso de plantão, espécime animal humanóide que surge do nada e sempre sugerindoum tratamento original ou medicamento que só ele conhece e que irão resolver em definitivo o problema. Não vão!

Passei alguns meses ouvindo sons os mais diversos, ajustados remotamente pela médica via celular. Sim, os aparelhinhos recebiam “mensagens” dela por wi-fi que modificavam o tipo de som a seu critério. De cachoeiras a ondas do mar, valsas intermináveis, vento assoprando de todas as maneiras, farfalhar de folhas soltas numa floresta, e, por aí vai. Até que cansei, devolvi os aparelhos, paguei a locação e desisti do tratamento. Ah, sim, o zumbido continuou firme e igual.O “meu” é muito bom: toca em claves de Sol e de Fá e em duas vozes, uma aguda e outra um pouco grave, como o cantarolar de dupla sertaneja. Deve ser especial... 

Certo estava – e está - meu amigo Walter Mancini, o mágico “restaurateur”, que, além de tudo de belo que faz na área, também sofre de...zumbido. Enciclopédia ambulante que sempre foi me aconselhou: ”Jeremias, larga mão porque não tem cura. Já fiz de tudo e nada! O Ziraldo também sofre disso e desistiu. O negócio é conviver com o zumbido”. Foi o que fiz – e faço – convivo com o zumbido! E a Labirintite, o que tem a ver com essa crônica? Tem, mas o espaço acabou e fica para outra vez.

Jeremias Alves Pereira Filho

Sócio de Jeremias Alves Pereira Filho Advogados Associados; Especialista em Direito Empresarial e Professor Emérito da UPM-Universidade Presbiteriana Mackenzie.  Araçatubense nato.  

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