Opinião

Gente nova

07/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min

 

O mistério da ressurreição tinha tudo para virar uma narrativa! Tanto é verdade que os relatos dos acontecimentos no primeiro dia daquela memorável semana dão conta, invariavelmente, do estado de desapontamento e de desânimo que tomou conta do grupo mais próximo de Jesus. Convictas que encontrariam um cadáver, as mulheres se deparam com o jubiloso anúncio da ressurreição! O túmulo está vazio! Emerge detalhe intrigante, com a evidente assinatura divina. A mais sensacional e impactante boa notícia foi confiada a mulheres! Confiar uma notícia desse porte a mulheres indica, humanamente falando, uma logística intrinsecamente falha para os padrões da época. Nem os apóstolos, os seguintes destinatários da noticia, creram.

Emerge outro paralelo curioso, e simultaneamente iluminador. O anúncio do nascimento do Salvador foi dado, primeiramente, a pastores, outros agentes desqualificados! A convergência entre as logísticas seguidas para o nascimento e a ressurreição do Salvador traz a sublime e pedagógica assinatura divina. A logística divina sempre prefere começos humildes e insignificantes para confirmar a mais elementar das teses: a verdade repousa em sua própria força. O anúncio da ressurreição – o próprio mistério – tinha tudo para virar uma narrativa, uma ilusão de uns sonhadores alienados. A verdade não necessita de argumentos adicionais para se vingar! Muito menos de poderes externos, dinheiro, armas, política, para convencer! A verdade se sustenta em sua própria, e aparentemente, frágil, autenticidade. Muitos foram os impérios que tentavam – e ainda tentam – com dinheiro, armas e ideologias, desqualifica-la! Todos esgotaram seu prazo de validade e viraram matéria acadêmica. A verdade da ressurreição do Senhor Jesus permanece intacta, simples, direta, sem adereços nem complementos! Inspiradora por seus próprios méritos!

  A fé no Senhor ressuscitado, longe de ser um dogma acadêmico, natural e obrigatoriamente, transforma o crente em servidor benemérito da humanidade. A vitória de Cristo é a vitória do bem, da caridade, da solidariedade, enfim de todos os demais valores divinos anunciados e praticados pelo Mestre de Nazaré! E porque divinos, são, igualmente, profundamente humanos! A fé no ressuscitado não se esgota no canto do aleluia. Naturalmente transborda os limites dos templos, à semelhança do rio que, por onde passa, dá vida à flora, hidrata a fauna. A fé no ressuscitado não repousa em argumentos acadêmicos. Tampouco em eruditas pregações! Convence a partir da vital comunhão do crente com o Ressuscitado, do testemunho, em suma, de quem faz o bem sempre e para com todos! A fé no ressuscitado garante: ninguém, nada permanece o mesmo! Os crentes renascem! A criação, potencialmente, se renova. A fé no ressuscitado gera gente nova que caminha de fronte erguida! 

 

Padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba

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