OPINIÃO

Tapeçaria

'Celebrar a Semana Santa representa tomar posição diante do mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo!' Leia o artigo de padre Charles.

Por Padre Charles Borg | 24/03/2024 | Tempo de leitura: 2 min
especial para a Folha da Região

Fixar em Jesus o olhar! Celebrar a Semana Santa representa tomar posição diante do mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo! Mergulhar, em suma, no drama da existência humana.

Superficial análise da jornada de Jesus expõe um crescente antagonismo entre as lideranças religiosas da época e o próprio nazareno. Um exame mais apurado aponta a razão fundamental por este distanciamento, o entendimento e o cumprimento da vontade divina. O Mestre de Nazaré tomou firme posição contra uma religiosidade de patrulha e equivocada. Em duas ocasiões emblemáticas, significativamente registradas nos quatro evangelhos, Jesus demonstrou, corajosamente, as graves distorções da religiosidade oficial. Quando investiu contra os vendilhões no Templo, e prenunciou a destruição do local sagrado, além de mexer com o brio nacionalista que via no Templo o símbolo da hegemonia cívico-religiosa, Jesus denunciava a deturpação litúrgica ali praticada. Em outra vertente, ao curar em dia sábado, Jesus mexia novamente num sensível nervo religioso. A rigorosa observância do sábado distinguia o judaísmo de todas as religiões e de todas as civilizações. Ao ensinar e insistir que não era o homem para o sábado, mas o sábado para o homem, Jesus elucidava que a vontade principal do Criador era a prática o bem em dia sábado. Ignorar o sofrimento do irmão afrontava o Legislador Divino. Em ambas as situações, Jesus revela a verdadeira intenção da vontade de Deus: promover o bem supremo do ser humano. Jesus abraçou incondicionalmente esta vontade e ela se submeteu, mesmo ciente que enfrentaria a ira das autoridades religiosas.

 A submissão à vontade divina induz Jesus à experiência mais dramática em sua jornada. Pressentido o cruel fim, Jesus, ser humano completo, tem medo e não receia pedir ao Pai que afastasse dele aquele cálice de dor. Ao compenetrar-se, assim, que a vontade do Pai era a salvação da humanidade e que isto somente seria possível se ele se submetesse a todos os sacrifícios nela embutidos, Jesus coloca-se em atitude de confiante obediência. Torna-se obediente, até a morte na cruz! Descortina-se neste assumido rebaixamento do Filho de Deus o mistério da história humana. Denuncia-se a desobediência à vontade divina como a razão primeira para a progressiva desordem, para a cruel dominação do ser humano pelo seu semelhante, para a injusta desigualdade que humilha e rebaixa. Por outro lado, pela sua exemplar obediência Jesus induz a intuir que a restauração da humanidade, o resgate da dignidade de todo ser humano, repousa, prioritariamente, na livre e confiante submissão à vontade divina.

A obediência à vontade divina é a linha mestra que tece a tapeçaria da salvação! Maria obedece! José obedece! Jesus Cristo obedece até a morte na cruz! A tapeçaria da salvação ficará completa somente quando a humanidade optar seguir pela linha da obediência!

Padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba

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