CRÔNICA

Vandalismo 1

Por Jeremias Alves Pereira Filho | 04/02/2024 | Tempo de leitura: 2 min

De tanto reclamar ou passo a gritar no deserto ou viro vilão. Prefiro a vilania e continuarei reclamando. O que sucede é o seguinte: a cada vez que visito minha Araçatuba natal vou me desapontando paulatinamente(ôpa!). É que fico imaginando que todos os escritos anteriores tivessem algum poder da modificação, o que, é claro, jamais corresponde à realidade, pois para que as coisas modifiquem faz-se necessário o componente da boa vontade política. Não que bons políticos não a tenham. Em certos até sobra... O diabo é que não existe simbiose e os que não tem nenhuma não se contaminam com os que tem. Ou seja, não existe “covid” na política...

O caso que ora me causa indignação é o do Monumento ao Estudante, que, acredito, nem todos os leitores conhecem. Obra de iniciativa do saudoso Genílson Senche, quando, nos anos 1960, já líder estudantil, assumiu a presidência do Iteract Club, braço jovem do Rotary Club, quando meu pai, o jornalista Jeremias, foi seu presidente. Nadando contra um tsunami, o Genílson obteve autorização expressa da Prefeitura Municipal para instalar, no miolo da esplanada da praça Getúlio Vargas, uma escultura memorial em louvor ao estudante, até porque vicejavam nas proximidades muito próximas três das grandes escolas da cidade, a saber: IE Manoel Bento da Cruz, Colégio D. Pedro II e Colégio Nossa Senhora Aparecida, respectiva e carinhosamente chamados simplesmente de IE, Dibo e das Freiras.

O projeto elaborado pelo designer araçatubense, Massato Ito, venceu o concurso e virou escultura de bronze lapidada pelo renomado artista plástico Luiz Morrone. A execução da obra civil, instalação da escultura, ajardinamento e iluminação custou ao jovem Genílson um bom par de bateria vital. Mas deu certo e o espaço reordenado foi inaugurado na presença de muitas centenas de estudantes da três escolas e das outras da cidade, que também , por certo, se sentiam igualmente homenageadas. E esse era mesmo o espírito da coisa. Eu estava lá, como presidente da UESA – União dos Estudantes Secundaristas de Araçatuba, acompanhado do Edgard Fernandes, vice-presidente, e do Carlos Roberto Fattori, secretário geral daquela agremiação discente.

Tamanha beleza da gloriosa homenagem à educação vem sendo há anos vandalizada aos olhos de todos, que se quedam inertes e submissos à ignorância e truculência. A obra está vergonhosamente pixada e esculhambada, ponto de apoio de xixi e cocô de cães inocentes acompanhados de seus tutores nem tanto. Lixo acumulado ao redor afasta qualquer desavisado eventualmente interessado em conhecer de perto o monumento. Enquanto isso, autoridades responsáveis anunciam a "revitalização” da praça, que está, na verdade, moribunda((ôpa, ôpa!).

PS: aguardem o Vandalismo 2, ainda sobre o Monumento ao Estudante. 

Jeremias Alves Pereira Filho - Sócio de Jeremias Alves Pereira Filho Advogados Associados; Especialista em Direito Empresarial e Professor Emérito da UPM-Universidade Presbiteriana Mackenzie.  Araçatubense nato.  

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