ARTIGO

A ilusão da felicidade superficial

Por Jean Oliveira | 12/01/2024 | Tempo de leitura: 2 min

A busca desenfreada pela felicidade traz armadilhas que muitos caem inadvertidamente. Muitas pessoas adoecem, física e emocionalmente, e nem se dão conta do motivo. A cultura contemporânea promove um ideal irrealizável, de que devemos ser felizes o tempo todo. É preciso sorrir, principalmente nas redes sociais.  E além disso, temos que ter corpo sarado e construir “legados”, sendo perfeitos em todos os aspectos.

Cursos, gurus e até alguns líderes religiosos vendem a ideia de que é necessário apenas fazer afirmações positivas, jogar para o universo ou apelar para alguma entidade mística para se sentir alegre, perfeito e satisfeito. Tudo o mais é coisa de derrotado, de gente sem fé ou fraca.

Porém, é fundamental compreender que o sofrimento desencadeia um processo de aprendizado emocional. Ignorar as emoções negativas pode levar a uma falsa sensação de felicidade momentânea, mas, ao fazê-lo, perdemos a oportunidade de crescer e evoluir como indivíduos. A dor nos desafia a refletir sobre nossas vidas, questionar nossas escolhas e desenvolver resiliência.

A medicina, especialmente a psiquiatria, reconhece a ligação direta entre a saúde emocional e física. As doenças psicossomáticas, desencadeadas por problemas emocionais ignorados vão desde dores de cabeça até condições mais sérias, como a depressão. A saúde emocional desempenha um papel significativo em nosso estado físico.

Embora medicamentos possam aliviar sintomas, é crucial destacar a necessidade de acompanhamento psicológico ou psiquiátrico para tratar a causa subjacente do sofrimento. Ignorar as raízes emocionais pode resultar em soluções temporárias e mascarar problemas mais profundos. Durante um processo de psicoterapia, por exemplo, podemos encontrar um ambiente favorável e seguro para falarmos sobre o que nos dói e faz sofrer. E ao lidar com isso, por meio da palavra, aliviar a pressão que isso exerce em nosso corpo e mente, evitando o processo de adoecimento inconsciente.

Buscar constantemente a felicidade pode levar à negligência das emoções negativas e, pior ainda, culpar a pessoa por sentir tristeza, amargura ou ódio. É crucial reconhecer que essas emoções são inerentes à experiência humana e não devem ser reprimidas.

Em vez de cair na armadilha da felicidade superficial, é fundamental que as pessoas abracem suas dores e enfrentem suas emoções. O caminho para uma vida plena envolve a aceitação do sofrimento como um aspecto natural do crescimento emocional. Ao reconhecer e refletir sobre as emoções desconfortáveis, podemos aprender, evoluir e, finalmente, alcançar uma verdadeira e duradoura sensação de contentamento.

A jornada para o bem-estar integral passa necessariamente pela compreensão e aceitação de todas as nuances emocionais que compõem a experiência humana.

Jean Oliveira é jornalista, bacharel em Turismo e estudante de psicologia e psicanálise.

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