RELIGIÃO

Resoluções

06/01/2024 | Tempo de leitura: 2 min

Janeiro evoca Jano! Na mitologia romana, Jano é uma divindade representada com duas faces, uma olhando para traz e outra mirando a frente. Jano é o deus do começo e do fim, das entradas e saídas. Precisa, pois, a inspiração que associa o primeiro mês do ano a esta divindade pagã. De fato, o mês de Janeiro decreta o termino de um ano e oficializa o começo de outro ano carregado de aspirações. Mirando o novo ano, emerge espontâneo o desafio: pode-se rechear o ano de boas iniciativas como também conspurcá-lo com desastrosas escolhas. Olha-se para traz e avalia-se até que ponto o próprio contributo colaborou para tornar o ano terminante mais leve ou mais pesado. Mira-se, simultaneamente, o ano incipiente, compenetrando-se do peso das próprias escolhas tanto para o bem como para o mal.

É comum, na análise do passado, lamentar falhas e deplorar incongruências face às promessas assumidas. Claro, vários fatores convergem e induzem fazer ambíguas escolhas, precipitando o descumprimento das boas resoluções programadas. Uma análise sincera e bem intencionada reconhece, todavia, que a principal responsabilidade para o não cumprimento dos compromissos assumidos deve-se à congênita fraqueza humana. Assumir as próprias limitações é uma atitude, simultaneamente, libertadora e madura. Reconhecer-se falho é uma virtude! Entender que o que se passou é irreversível é sinal de compenetrada maturidade. Maduro arrependimento em nada afeta a autoestima. Infantil é estacionar nas falhas e assumir posturas fatalistas. Mesquinho é o soberbo que não admite fraquezas! A verdadeira dimensão de arrependimento não é negar o passado, nem atribuir a fatores exteriores as próprias falhas como para justificar a pessoal limitação. Admitem-se quedas, mas reconhece-se em si a capacidade de levantar-se e retomar o caminho. Olha-se para trás com o intuito de progredir mais resoluto.

Definir metas e planejar estratégias é sinal inequívoco da confiança que se tem em si e nas próprias capacitações. Há um futuro a ser construído. Nesta empreita assume-se o papel de protagonista. Na história, cada cidadão é ator, não mero espectador. Urge marcar presença, com decisão, sem arrogância. Urge fazer acontecer, de maneira resoluta, sem prepotência! Reconhece-se habilitado para uma tarefa que é própria e intransferível. Imprevisibilidades acontecerão obrigando rever estratégias e dosar energias! Contingências surgirão impondo ajustar cronogramas! Nada, todavia, a balançar transcendentes metas ou afetar líneas básicas de conduta. Sem âncoras fixas facilmente se perde no redemoinho das contingências.

Janus examina o passado e mira o futuro. Entre o irreversível e o almejável, Janeiro é o mês das resoluções! Neste contexto, sujeito a surpresas e imprevistos, salta o protagonismo de quem possui clara convicção da própria identidade, a partir da qual projeta, com a devida maleabilidade, metas e calendários.

 Padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba

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