RELIGIÃO

Nova agenda

02/01/2024 | Tempo de leitura: 2 min

Hora de trocar a folhinha! A passagem de ano é propícia ocasião para um salutar balanço, tendo a própria identidade como segura referência para avaliar realizações e eventuais derrapadas. A vida é, afinal, um excitante enredo de ações e reações, de alegrias e frustrações. Diante desta intrigante oscilação entre avanços e recuos, emerge, espontâneo, o desafio: onde e como melhorar?

Urge tomar cuidado, no contexto da cultura moderna, para não se deixar condicionar por uma tendência tão difusa quanto ambígua. Na atual mentalidade, a atividade que vale é a que impacta. Valoriza-se mais o ruído em detrimento à boa qualidade. Confunde-se, perigosamente, aclamação com conteúdo. A obsessão pela planilha contábil embute ainda sério perigo de desvio de finalidade: sacrifica-se a identidade no altar da vantagem. Outro desvio latente nesta tirana imposição de produzir novidades impactantes é o pouco caso dado às tarefas cotidianas, inerentes, todavia, à própria identidade. É perceptível o enfado diante das obrigações rotineiras da vida. Por não chamar atenção, o sujeito não acha graça em realizar metodicamente o cumprimento desses básicos e inalienáveis deveres. Tudo que é mal feito terá que ser refeito, ou por si ou por outrem! Grave é, em todos os sentidos, quando não se acha mais alegria em cumprir as tarefas básicas inerentes à própria identidade. O desgaste emocional fica evidente, escancara-se a frustração com a própria existência, com previsíveis desdobramentos negativos em ambientes de convívio ou de trabalho. Entende-se a razão por tanta e difusa insatisfação! Por tanto e difuso tédio! Por tantos ambientes “pesados”.

Cumprir conscientemente as tarefas cotidianas pode não se revestir de glamour, mas contribui decisivamente no processo de amadurecimento da própria identidade com evidentes desdobramentos em ambientes sociais. Ao aplicar-se em realizar corretamente as miúdas tarefas, o sujeito desenvolve formidável poder de concentração. Dispersas andam as pessoas, induzidas a manter-se constantemente conectadas. Costuma-se produzir com eficiência quando se trabalha focado. Trabalhar concentrado representa valioso suporte à virtude da autodisciplina. Possuir clareza de prioridades, ordenar energias e executar tarefas com denodo induz a encontrar alegria no exercício da profissão e, ainda, abre espaço e capacitação para a execução de novas tarefas. Trabalhar concentrado alarga possibilidades e garante qualidade de conteúdo. A quem se tem, se dará mais ainda, lembra o Mestre!

Desacelerar! Concentrar-se! Disciplinar-se. Dedicar-se no cumprimento aplicado da miúda rotina, posturas interligadas no processo de valorização da identidade pessoal e fundamentais para a realização de um trabalho com qualidade. De ninguém se exige que seja o melhor. De todos, todavia, se espera que deem o melhor de si! Hora de nova agenda!

FELIZ ANO NOVO!

Padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba.

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