CRÔNICA

Nesse natal…

02/01/2024 | Tempo de leitura: 2 min

Mandei cartinhas mil para o tal Papai Noel. Bilhetinhos e recadinhos desde a mais tenra(ôpa!) infância. Até que funcionava. Fui crescendo e, ainda ignaro – virtude que mantenho –, usei meus pais como interlocutores valendo-me dos mesmos expedientes de comunicação, mas notando certa deficiência no retorno. Isto é, nem sempre o atendimento correspondia ao requerimento, com o que me acostumei muito mais tarde exercendo a advocacia, a ponto de cogitar que um Juiz poderia ser ele o Papai Noel. 

Mas, voltando à estaca quase zero, declaro que usei e abusei do sistema parental de comunicação, auferindo vantagens previamente imaginadas, desconfiado estava de que os mensageiros poderiam ser eles mesmos o Papai Noel. A partir de então, comecei a listar os presentes que gostaria de ganhar, ciente da cláusula de exclusão, ou seja, itens que sabia de antemão não seriam contemplados devido ao fluxo de caixa da família. Então relacionava o que poderia ser realizável, exagerando só um pouco para arriscar a sorte.

Continuei crescendo e, claaaro, desisti do Papai Noel e passei a acreditar exclusivamente nos meus pais,  provedores regulares que faziam o que podiam fazer. Mesmo nem sempre contemplado com certo item de desejo, não me recordo de qualquer frustação que demandasse terapia psiquiátrica intensiva. Não guardei trauma natalino! Eu mesmo, um belo dia, virei Papai Noel e fui enquanto durou, igualzinho antes acontecido. Como todos dizem: a história se repete! Máxima pueril e valiosa.

Não sei exatamente o que faria hoje, inclinado a não desejar e nem pedir nada, acreditando ter o que necessito. Penso nos que precisam alguma coisa e torço para que algum Papai Noel se apiede deles e lhes proporcione o básico, coisa difícil de acreditar. Fico verdadeiramente sensibilizado com aqueles que se dedicam de corpo e alma às chamadas “festas natalinas”, mesmo quando se restringem a entregar singelos  brinquedos de plástico. 

Acho, porém, que estou numa fase “contranatalina”, não me preocupando em receber e dar nada, muito menos enviar aqueles manjados “emojis” esperando o destinatário “curtir” com sinal positivo. Os que chegam por email ou WhatsApp só quero deletar, o que dá muito trabalho. Imagino que, se enviar, irão igualmente deletar os por mim remetidos...  Melhor segurar! Diria o curioso leitor que ando meio asceta, ou seja, tendente mais para o espiritual do que para o material, no que acertou. Ou um tanto rebelde sem causa, bem mais provável. Fato é, atualmente, Natal para mim só demanda um pouco de paz. Nada muito além disso!

Post Scriptum: Dou folga aos meus esporádicos leitores. Voltarei em janeiro de 2024. Estejam em paz!

Jeremias Alves Pereira Filho - Sócio de Jeremias Alves Pereira Filho Advogados Associados; Especialista em Direito Empresarial e Professor Emérito da UPM-Universidade Presbiteriana Mackenzie.  Araçatubense nato. 

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