OPINIÃO

Quem quer ser um milionário?

16/12/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Mulher. Mãe solo de uma criança de três anos diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista. Pernambucana. Jornalista.

Dona de uma agência de comunicação de marketing digital que pretende ser diplomata do Ministério das Relações Exteriores, mas que até então não tinha condições de fazer o cursinho preparatório devido ao alto valor do investimento.

Esse é o perfil de Jullie Dutra, a primeira participante do programa “Domingão com Huck” a ganhar 1 milhão de reais no quadro “Quem quer ser um milionário?”. O programa foi ao ar no último dia 10 de dezembro.

Jullie acertou todas as 15 perguntas feitas pelo apresentador Luciano Huck. A última foi sobre o número da camisa de Pelé na Copa de 1958 – a icônica camisa 10.

Apesar de saber a resposta, a jornalista quis se certificar usando uma estratégia de ajuda permitida pelo programa. Ela ligou para uma amiga, que mora em Belém, no Pará, que confirmou a informação.

Explosão de alegria no palco.  Explosão de emoções da vencedora. Em seu discurso, instigada por Huck, Jullie contou que toda sua força vem da mãe, já falecida. Foi ela quem deu o conselho para a filha nunca parar de estudar. E ela nunca parou.

Falando sobre o que aprendeu estudando e todas as conquistas que o conhecimento lhe trouxe, incluindo o prêmio de 1 milhão de reais, Jullie fez um discurso lindo e emocionado sobre o empoderamento feminino, convidando todas as mulheres a transformarem o patriarcado em matriarcado.

Matriarcado é uma sociedade liderada por mulheres nos aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais. Um lugar onde as mulheres têm as mesmas oportunidades que os homens, os mesmos salários e a mesma representatividade. No caso brasileiro, uma utopia ainda. Ainda.

Mas a jornalista é um exemplo contundente do que as mulheres brasileiras são capazes, especialmente quando têm uma rede de apoio, como ela tem: a avó e uma funcionária - que já é comadre - e para quem Jullie comprará uma casa com parte do dinheiro que ganhou.

O 1 milhão de reais também ajudará a jornalista a ter mais tempo para estudar, agora com o cursinho preparatório para a diplomacia que ela pode pagar. Aos 37 anos, ela sonha, busca, luta e estuda.

No discurso do programa ela ainda disse que o estudo traz o conhecimento e o conhecimento dá poder às pessoas.

Penso no caminho descoberto por Jullie e na necessidade de levar essa verdade para outras tantas milhares de mulheres presas em relacionamentos abusivos, violentos, tóxicos; mulheres expostas à violência porque não têm estudo, discernimento, conhecimento dos seus direitos.

Penso em Jullie, me alegro por ela, e fico torcendo para a jornalista se transformar em influenciadora de comportamentos levando mais mulheres a sonhar, lutar e estudar.

Ayne Regina Gonçalves Salviano é jornalista, professora e gestora educacional.

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