Opinião

Pisa mostra problemas na Educação pública e privada

09/12/2023 | Tempo de leitura: 3 min

 

 

 

 

O MEC (Ministério da Educação) e o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) divulgaram na última terça-feira, dia 5, os resultados do Pisa 2022 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes).

O Pisa é um estudo comparativo internacional, realizado a cada três anos, pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), organização internacional que busca promover o desenvolvimento econômico e o bem-estar social no mundo. 

O Brasil participa desde a primeira edição do Pisa, em 2000. No ano passado, 81 países e 10.798 estudantes de 599 escolas das redes pública e privada foram avaliados.

O programa procura medir o conhecimento e as habilidades dos estudantes na faixa etária de 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países.

Os estudantes precisam responder questões de três disciplinas: matemática, leitura e ciências. Muitas dessas perguntas são básicas, como converter valores de moedas ou calcular distâncias.

Os números brasileiros mostram o perfil dos estudantes: 73,1% eram da rede estadual, 81,9% estavam matriculados no ensino médio, 96,5% das escolas estão situadas em área urbana e 76,4% das escolas são do interior.

Em um primeiro momento, o resultado do Pisa 2022 pode parecer positivo porque ficou praticamente igual ao de 2018, antes da pandemia. O problema, entretanto, é que os números daquela época eram muito ruins e continuam sendo péssimos agora. 

Em matemática, por exemplo, 73% dos alunos brasileiros tiveram um desempenho baixíssimo, considerado incompatível com os índices de escolaridade. Apenas 1% dos brasileiros atingiu um desempenho considerado alto. 

Na parte da leitura, 50% dos estudantes tiveram, também, um resultado baixo. E apenas 2% dos brasileiros atingiram um alto desempenho.

 

Em ciências, o Brasil ficou em último lugar na América Latina junto com a Argentina e o Peru. Entre os brasileiros, 55% registraram baixo desempenho nesta disciplina e apenas 1% atingiu alto desempenho.

Um dado interessante: Mesmo os estudantes mais ricos tiveram desempenhos abaixo da média internacional nas três disciplinas, o que mostra que o problema da Educação no país está tanto nas escolas públicas quanto nas privadas, para desespero dos pais que pagam valores muito altos de mensalidades.

Muitos desses pais ainda pagam aulas extracurriculares, de reforço escolar, para seus filhos nos horários alternativos ao da escola. Mas os dados demonstraram que essa metodologia tem surtido pouco efeito para a maioria dos estudantes, uma vez que não impactaram no resultado final do grupo brasileiro no Pisa.

O que fazer? Há quem defenda a ideia de que os alunos vão mal nas questões de matemática e ciências porque não entendem o enunciado, ou seja, não sabem ler, apreender, compreender e interpretar os dados propostos para depois buscar a solução do problema apresentado. Faz sentido.

Melhorar a leitura é a solução? É um caminho. Mas não o único. E nesse processo, entupir os alunos de “mais do mesmo”, fórmulas prontas, musiquinhas decoradas e nada de raciocínio não faz diferença. É preciso, urgentemente, entender como a matemática e a ciência estão sendo ensinadas nas escolas dos seus filhos.

A questão aqui não é de melhorar o resultado do Pisa apenas para o Brasil brilhar em posições cada vez mais altas no topo dessa competição. Trata-se de dar dignidade e cidadania aos adolescentes por meio do conhecimento, do saber. 

É preciso resgatar a autoestima do estudante brasileiro. É urgente cuidar para que ele não desista da escola. Porque ao desistir da Educação, ele desiste de um futuro promissor.

 

Ayne Regina Gonçalves Salviano é jornalista, mestre em Comunicação e Semiótica, e gestora educacional.

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