CRÔNICA

Zé do Pé e o Frank

'José Paulo, dito Zé do Pé, era – sempre foi – figurinha carimbada, se me entendem os antigos colecionadores dos cromos do álbum de jogadores'. Leia a crônica de Jeremias Filho.

Por Jeremias Alves Pereira Filho | 02/12/2023 | Tempo de leitura: 2 min
especial para a Folha da Região

Lembrete:
Dei uma pausa proposital nos “causos” do José Paulo Montalvan Freire para que meus intrigados leitores se refizessem do excesso e sentissem uma certa saudade do nosso herói. Zé do Pé não tem fim... É fonte inesgotável!

O caso: 
Como todos sabem, o José Paulo, dito Zé do Pé, era – sempre foi – figurinha carimbada, se me entendem os antigos colecionadores dos cromos do álbum de jogadores dos clubes de futebol do Brasil, chamado “Balas Equipes”. Por figura carimbada tinha-se aquela ímpar, especial, valiosa, gloriosa, cambiável por muito mais, etc. O Zé era capaz de se apresentar com ou sem pompa e circunstância em qualquer ambiente, fosse rico ou pobre, preto ou branco ou amarelo ou vermelho, gênero, transgênero ou cisgênero. Tanto fazia... Se demandava traje social ou “sport chic”, lá estava ele adequadamente vestido. Da mesmo forma, se o caso era fraque, meio fraque ou “black tie”. Só nunca usava “shorts” ou bermudas com chinelos de dedo. Jaaaamais!

E foi de “black tie” que o Zé compareceu num sofisticado evento no Maksoud Plaza Hotel, nas cercanias da Avenida Paulista, nos borbulhantes anos 1980 da boêmia metropolitana, sem convite e/ou aviso prévio, acostumado que estava em frequentar o Trianon Piano Bar e o 150 Night Club, onde bebericava seu Haig em copo longo e gelo, como baforava um legítimo “Cohiba Esplendidos”, embora não fosse fumante. Mas fazia o “tipo”.  Estava lá hospedado o famoso “Blue Eyes”, isto é, nada menos que o cantor norte-americano Frank Sinatra, já maduro, que logo mais faria uma apresentação memorável no 150. 

Já no camarim do Frank – não me perguntem como entrou e trajado igual -, o Zé se apresentou – também não me perguntem, pois do Reino Unido só conhecia uísque escocês – como empresário do Pelé, igualmente no auge da fama e de quem o cantor era fã. De cara propôs-lhe patrocinar, em nome do Rei, um show privativo para 100 exclusivos convidados na condição única de dedicar a ele, Zé do Pé, a indissociável canção My Way, durante sua apresentação, no que Sinatra prontamente concordou. No meio do espetáculo, Frank deu um breque e disse em alto e bom som: “And now, to my dear friend Zé do Pé: My Way”.  E soltou maviosamente a voz, para o embevecimento do homenageado e aplausos ensurdecedores do público.

Ah, sim! Ou não... O show exclusivo do Frank Sinatra para o Pelé nunca foi encomendado e jamais aconteceu... 

Jeremias Alves Pereira Filho 
Sócio de Jeremias Alves Pereira Filho Advogados Associados; Especialista em Direito Empresarial e Professor Emérito da UPM-Universidade Presbiteriana Mackenzie.  Araçatubense nato. 

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