RELIGIÃO

Nunca afastes de algum pobre o teu olhar

18/11/2023 | Tempo de leitura: 2 min

A citação acima, tirada do livro de Tobias, 4,7, inspira a mensagem que o Papa Francisco dirige ao mundo por ocasião do VII DIA MUNDIAL DOS POBRES, celebrado neste domingo, 19 de novembro. Reproduzo selecionados trechos desta inspiradora mensagem, com o objeto de uma maior conscientização quanto ao desafio que a difusa pobreza, em suas variadas manifestações, interpela o cidadão, em particular o cidadão cristão.

O Dia Mundial dos Pobres, sinal fecundo da misericórdia do Pai, vem alentar o caminho das nossas comunidades. A pobreza permeia as nossas cidades, como um rio que engrossa sempre mais até extravasar, e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e das irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade ergue-se cada vez mais forte.  Quando nos deparamos com um pobre, não podemos virar o olhar para o lado oposto, porque impediríamos a nós próprios de encontrar o rosto do Senhor Jesus. Cada um deles é nosso próximo. Somos chamados a ir ao encontro de todo o pobre e de todo tipo de pobreza, sacudindo de nós mesmos a indiferença e a naturalidade com que defendemos um bem-estar ilusório.

Vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto. Coloca-se entre parênteses aquilo que é desagradável e causa sofrimento, enquanto se exaltam as qualidades físicas como se fossem a meta principal a alcançar. Os pobres tornam-se imagens que até podem comover por alguns momentos, mas quando os encontramos em carne e osso pela estrada, sobrevêm o fastio e a marginalização. A pressa impede de parar, socorrer e cuidar do outro.  Delegar a outros é fácil; oferecer dinheiro para que outros pratiquem a caridade é um gesto generoso; envolver-se pessoalmente é a vocação de todo cristão. Damos graças ao Senhor porque há tantos homens e mulheres que vivem a dedicação aos pobres e excluídos, e a partilha com eles. Estão atentos tanto à necessidade material como à espiritual, ou seja, à promoção integral da pessoa. O Reino de Deus se torna presente e visível neste serviço generoso e gratuito.

Ingente é o trabalho para tornar realidade a justiça social, inclusive através dum sério e eficaz empenho político e legislativo. Urge fazer pressão para que as instituições públicas cumpram do melhor modo possível o seu dever. E quem vive em condições de pobreza, seja também envolvido e apoiado num processo de mudança e responsabilização. Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma relação pessoal com cada um deles. A partilha deve corresponder às necessidades concretas do outro, e não ao meu supérfluo de que me quero libertar. Aquilo de que seguramente têm urgente necessidade é da nossa humanidade, do nosso coração aberto ao amor!

Padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba

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