OPINIÃO

O melhor

O ser humano nunca se conforma com a interrupção da vida. Percebe em si natural instinto para viver. Leia o artigo de Padre Charles Borg.

Por Padre Charles | 04/11/2023 | Tempo de leitura: 3 min
especial para a Folha da Região

“A certeza da morte entristece”! Assim se expressa a liturgia oficial da Igreja, reconhecendo o estado emocional que toma conta da alma dos que sobrevivem à perda de um ente querido. A dura e indigesta realidade da morte intriga a consciência humana. O ser humano nunca se conforma com a interrupção da vida. Percebe em si natural instinto para viver. Externa, enfim, a irrefreável convicção de que o ser humano não sobrevive apenas na saudade dos que ficam. O instinto humano recusa admitir que a vida simplesmente acaba. Inquieta e inquisitiva a mente humana busca resposta convincente!

“A promessa da imortalidade consola”, emenda a liturgia oficial da Igreja. Pela fé se convence que, de fato, a morte não representa o fim da história individual das pessoas. A fé socorre a anseio da alma humana. A Palavra de Deus afirma expressamente que o ser humano é criado imortal.  Verdade esta que fica comprovada com a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, que também passou pela experiência da morte. No entanto, venceu-a ressuscitando. E com a sua ressurreição confirma, para quem nele crê, que o fim da história humana é o ingresso na morada eterna do Pai, morada que ele mesmo, Cristo, prepara para todos. A fé não somente responde ao anseio humano, como também o amplia, especificando a natureza da vida após a morte. O fim da vida corporal sinaliza o início de um viver diferente! Transformada, a espiritual existência não sobrevive vagando por imaginários reinos, nem retorna ao mundo incorporando-se em outros seres. Em Deus repousa! Mantém sua individualidade, a espera da retomada do seu próprio corpo, também ressuscitado, quando se der o fim dos tempos. Sim, chegará o dia quando os seres humanos, alma e corpo, participarão da glória eterna na casa do Pai! Pais e filhos, esposos e amigos se encontrarão novamente na morada eterna. Emerge a esta altura conclusão simples, mas impactante: somente se chega a contemplar a Deus em sua glória passando pela experiência da morte! Sem o suporte da fé, a morte debocha do ser humano. Na fé amparada, a inteligência humana caçoa da morte: onde está a tua vitória!

A certeza da vida eterna não aliena o crente consciente. Nem o torna conformado com as mazelas da vida. Convicto que a vida é dom de Deus, tão precioso a ponto de ser imortal, o crente zela pela promoção e preservação de todas as formas de vida e em todas os estágios de sua evolução. Entende que a criação, como também os demais seres humanos, são criaturas em constante formação que necessitam de zelo, de sábio investimento, em vista de um progresso cada vez mais sustentável e universal. A fé na dimensão eterna da vida infunde no crente profundo e respeitoso amor pela vida, própria e dos demais seres vivos. Agradecido e feliz por existir, segue pressuroso pelos caminhos da vida, ciente de que, se, agora, a vida é bela e maravilhosa, o melhor está ainda por vir!      

Padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba

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