OPINIÃO

O Enade, o Enem e suas oportunidades

A Educação é o único caminho para o crescimento pessoal e profissional do indivíduo que deseja melhorar de vida dentro da lei. Leia o artigo e Ayne Salviano.

Por Ayne Salviano | 04/11/2023 | Tempo de leitura: 4 min
especial para a Folha da Região

Rovena Rosa/Agência Brasil

O MEC – Ministério da Educação divulgou na última terça-feira, dia 31 de outubro, o resultado do ENADE – Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes de 2022. Dos cursos avaliados no ano passado, apenas 5,5% conseguiram a nota máxima. Eles são – em sua grande maioria – de universidades públicas do Brasil, o que comprova a excelência dessas instituições de ensino.

Por outro lado, a grande maioria das instituições privadas tiveram notas 3, 2 e 1. Os conceitos vão do 1 ao 5, sendo o 1 a pior nota e o 5 a maior delas. O que significa que os cursos avaliados em grande parte das faculdades particulares brasileiras estão em nível mediano, ruim ou muito ruim.

O resultado do Enade pode explicar, então, a tensão do dia de hoje para aproximadamente 4 milhões de brasileiros que, a partir das 13h30, prestarão a primeira etapa do Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio, o maior vestibular do país. A segunda prova acontecerá no domingo que vem, dia 11.

Os estudantes disputam vagas nos cursos superiores das universidades e institutos federais, em algumas universidades estaduais e em todas as faculdades, centros universitários e universidades particulares do Brasil e até de algumas instituições de ensino do exterior, como Portugal, por exemplo.

O Enem acontece desde 1998, quando 115.575 estudantes participaram do exame. Em 2016, aconteceu o maior número de inscritos, aproximadamente 8,6 milhões de participantes. O menor número ocorreu em 2021, durante a pandemia de covid-19, com apenas 3,1 milhões de interessados.  De lá para cá, a concorrência tem aumentado aos poucos. No ano passado foram 3,3 milhões de inscritos e esse ano são 3,9 milhões.

Passar no Enem significa ser aprovado em um curso superior gratuito nas universidades públicas, as melhores do país e a única chance de estudar para milhões de brasileiros que não conseguem pagar pelo ensino superior.

Entretanto, há uma disparidade muito grande de saberes entre os alunos que cursaram o ensino médio nas escolas públicas e aqueles que estudaram nas escolas particulares.

Por isso, não é possível afirmar que o Enem promove a meritocracia, porque os candidatos não fazem a prova com as mesmas oportunidades para disputar as vagas.

Existe aqui um fosso que ainda precisa de políticas públicas para resolver a questão dessa desigualdade e que, a curto prazo, não pode ser melhorar o ensino público desde o fundamental porque isso levará anos. Essa é uma saída a longo prazo. Mas a necessidade é urgente.

Entretanto, mesmo com toda essa disputa - que leva os candidatos à exaustão e até a desistirem antes de tentarem - sobram vagas nas universidades públicas, cerca de 40% delas, segundo o Censo do Ensino Superior 2022 divulgado recentemente pelo MEC - Ministério da Educação. Até em medicina, que é o curso mais concorrido nos vestibulares do país, sobram vagas em universidades públicas.

Entre muitos outros fatores, isso acontece porque milhares de candidatos que são aprovados – em todos os cursos e não apenas em medicina - não têm condições financeiras para se sustentar em outra cidade ou outro Estado, onde estão localizadas as escolas. O que aponta para uma outra necessidade urgente de novas políticas públicas para dar condições a esse estudante aprovado.

É preciso dar condições para a moradia, a alimentação, o transporte, a aquisição de materiais necessários para o curso. É necessário criar uma rede de apoio dentro da universidade para que esse estudante se sinta acolhido e possa estudar com a ajuda de professores, alunos-monitores, psicólogos, porque ele enfrentará a distância da família, a ausência de suporte inclusive emocional e precisará de apoio para superar as defasagens do antigo ensino. Há muito a ser feito.

No Brasil, todos sabemos, é imprescindível estudar para conseguir empregos que remunerem bem. A Educação é o único caminho para o crescimento pessoal e profissional do indivíduo que deseja melhorar de vida dentro da lei. Por isso, preocupa o número baixo de inscritos no Enem, mas especialmente as 40% de vagas ociosas no ensino superior público do país.

Preocupa muito todas as mentiras espalhadas sobre as universidades públicas, que afastam os jovens dos melhores espaços de educação do país. E preocupa mais todos os jovens que estão desistindo antes de tentar.

Mas aos que se esforçaram, se dedicaram, abdicaram de prazeres para atingir o objetivo da aprovação, meu desejo de sucesso e felicidades!

Ayne Regina Gonçalves Salviano é jornalista, mestre em Comunicação e Semiótica e gestora educacional.

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