OPINIÃO

O ciclo da vida

28/10/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Se eu tivesse que dar um conselho aos pais de crianças, eu diria: não coloquem telas nas mãos delas. Deem tintas, papeis, massinhas de modelar. Barro, livros, gibis, brinquedos de montar. Frutas, comidinhas que também se pode comer com as mãos, flores, animais de estimação, menos telas.

Se eu pudesse falar aos pais de adolescentes, eu diria: afaste-os das redes sociais, das comparações, dos padrões estéticos inatingíveis, dos comportamentos violentos, dos discursos de ódio escancarado nos grupos de conversas. Ofereça sua companhia, uma boa conversa, esportes, um instrumento musical, viagens, aventuras, contato com a natureza, bons filmes, tudo isso juntos.

Se eu conseguisse conversar com pais de vestibulandos, eu diria: apoiem seus filhos, escolham boas escolas (nem precisam ser particulares), criem um ambiente de estudo acolhedor em casa, sem barulho, sem cobranças excessivas. Estejam sempre juntos para conversar sobre profissões, mercado de trabalho, melhores cursos, melhores faculdades, sonhos e futuro. Mas acima de tudo, respeitem as escolhas dos seus filhos.

Se eu fosse dialogar com pais de graduandos, eu avisaria: os trotes que não machucam fazem parte do rito de passagem, as festas que não ferem as leis também fazem parte desse processo. Mas fiquem atentos e amparem seus filhos com comida pronta, roupa lavada, dinheiro para o lanche e o transporte, mas especialmente ofereçam o colo na hora das provas, especialmente quando vierem as notas baixas porque em boas universidades isso é muito comum apesar do estudo focado dos estudantes.

Se eu pudesse discutir com pais de recém-formados, eu comentaria: ajude-os a procurar emprego, mas sem pressão nem chantagem emocional. Pesquisem com eles os sites especializados em Recursos Humanos, ajudem nas inscrições e entrevistas para empregos, ofereçam novas possibilidades, como um curso de pós-graduação, um intercâmbio ou uma oportunidade nos concursos públicos. Só não os abandonem, eles são adultos, mas estão em uma fase muito, muito frágil.

Agora, se eu conseguisse argumentar com filhos de pais idosos, eu diria: não os coloquem na frente de telas e esqueçam deles. Ofereçam suas companhias, bons filmes, viagem juntos. Apoiem seus pais nessa fase difícil que é a velhice, cercada de muito preconceito, muitas doenças e poucas habilidades. Fiquem atentos a eles e ofereçam a comida pronta, a roupa lavada e os ouvidos para histórias antigas, repetidas, mas que são tudo o que eles têm.

Se eu pudesse gritar aos filhos de pais idosos eu diria: não os abandonem, eles são adultos, mas estão em uma fase muito, muito difícil.

Ayne Regina Gonçalves Salviano é jornalista, mestre em Comunicação e Semiótica e gestora educacional.

Fale com a Folha da Região! Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção? Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Receba as notícias mais relevantes de Araçatuba e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.