Opinião

Advogada nossa

15/10/2023 | Tempo de leitura: 2 min

“Maria, passa na frente”! Invocação mariana comum e frequente nos lábios de muitos devotos. Caminhando na frente, ela aplaina caminhos, assegura proteção, garante êxito.

Em seu relato sobre a presença de Maria, e de seu filho Jesus, no casamento em Caná da Galileia, o evangelista João fornece inspiradoras referências acerca do legitimo sentido da invocação piedosa. Destaca, primeiramente, a presença de Maria, antes de falar que Jesus e seus discípulos também estiveram presentes. É Ela, de fato, que percebe o aperto dos noivos ao deparar com a falta de vinho. Dá-se início a uma série de intervenções que ilustram a real dimensão da eficácia da intercessão de Maria. Dirige-se ela, primeiro, a seu Filho, apontando o previsível aperto por que passariam os anfitriões. Mãe zelosa, conhece as necessidades de seus filhos, antes mesmo que os próprios tomassem consciência. Mãe sempre chega primeiro! Passando na frente, Maria repara e intervém em favor de seus devotos.

A iniciativa intercessora de Maria, contudo, não se esgota em solicitar ao Filho sua intervenção. Ela dirige-se também aos servidores com uma orientação categórica: façam o que ele pedir! Insinua, a Mãe de Jesus, que as necessidades são atendias desde que o elemento humano colabore. Emerge da atitude de Maria inspiração fundamental: seu Filho Jesus opera maravilhas somente quando encontra consciente e confiante colaboração das partes envolvidas. Ensina Maria que interceder não se resume somente em apresentar suplicas a seu Filho. Envolve assumir as próprias responsabilidades. Vive-se, em nosso país, como no mundo em geral, sérias apreensões com o futuro das crianças. Oram muitos, mamães em particular, invocando a proteção da Mãe de Jesus, colocando seus filhos sob a proteção do seu sagrado manto. É preciso, contudo, completar a oração absorvendo a recomendação de Maria: façam o que Jesus pede! Orar não é transferir tarefas e responsabilidades ao Filho de Deus. Ora verdadeiramente quem se dispõe a colaborar efetivamente com a intervenção divina. Mesmo um rápido olhar sobre o complicado contexto e o perigoso ambiente que envolvem as crianças em nosso país, leva a concluir que muitos pais andam descuidando de suas intransferíveis obrigações. Com os pais é que se aprende a respeitar diferenças e observar limites. Com os pais é que se aprende o equilíbrio entre o consumismo egocêntrico e a partilha solidária! É com os pais que se aprende que o espiritual tem preferência sobre o material.

Maria, passa na frente! Solícita e terna, intercede ela diante de seu Filho por todos os degredados filhos de Eva, ciente que suas solicitações serão atendidas. Na condição de diligente advogada, aplicada em assegurar êxitos e consolos para quem a ela recorre, Maria insiste oportunamente: façam o que meu Filho pedir! 

Padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba

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