ARTIGO

Zé do Pé no Copa

Por Jeremias Alves Pereira Filho | 21/08/2023 | Tempo de leitura: 2 min

LEMBRETE:

Após trégua necessária, eis que retorna à coluna nosso herói Zé do Pé, exatas 15 crônicas a ele dedicadas e publicadas nesta FR nas edições entre 20/04 e 03/08/23, intercaladas com a indispensável homenagem póstuma ao Mestre Derivan, o maior barman de São Paulo, na qual o próprio Zé foi condignamente citado (FR 25/07/23), além do registro tempestivo da presença do Professor Michael Sandel nos 70 anos da fundação da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie (FR 10/08/23). Volta agora o José Paulo, justamente e por coincidência, nos festejos pelos 100 anos do Copa. Oops, Copacabana Palace Hotel.

O CASO:

Como todos já sabem, o Zé do Pé, embora pessoa de hábitos simples e de origem idem daqui de Araçatuba, era, ao mesmo tempo, um personagem sofisticado. Frequentava qualquer ambiente com desenvoltura e quase sempre – sempre! – “roubava a cena”, especialmente quando recebido pela elite social e financeira, desfilando charme e estilo.

Na idade adulta, o Zé não tinha domicilio certo, isto é, endereço residencial, pois ele não residia, morava! E assim foi morando pela vida em diversos e variados lugares, em particular bons hotéis que lhe proporcionassem sobretudo mordomias gerais, com ou sem ônus e preferencialmente  sem, independente das gordas propinas(êpa!) que distribuía com alegria incomum. Era um benquisto geral, dada sua natural graça, o que lhe conferia tantas “benesses”.

Como bom mortal, Zé do Pé frequentava ocasionalmente o Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, o conhecido Copa, instalado na Avenida Atlântica, de cara para o infinito mar da praia de Copacabana, daí seu nome. Centenário e elegante estabelecimento era – e é – frequentado pela chamada “nata da sociedade” formada por empresários ricos ou falidos, nobres e ex nobres, políticos, lobistas, boêmios, famosos artistas nacionais e estrangeiros, entre outros de variada fauna. Eis que numa ensolarada tarde de almoço de sexta-feira, à beira da piscina ao lado da pérgola, estava ali o Zé do Pé se sentido por baixo numa animada mesa de boêmios locais, quando, chamando a atenção geral pela fama e prestígio, passa flanando o banqueiro Walter Moreira Salles, simpática e conhecida figura que, de quebra, exercia função poderosa de Ministro da Fazenda. Estava a caminho do “toilette” para, certamente, fazer um prosaico xixi.

Discretamente o Zé o segue e, na intimidade do lavatório onde todos são iguais, pede humildemente ao Ministro que o cumprimente ao retornar na passagem pela mesa dos arrogantes boêmios, “o que muito lhe ajudaria nas suas relações sociais cariocas”. Diante de tal irresistível pedido, o solícito banqueiro  aquiesceu. Passando por lá, o Ministro, então, abre seu reluzente sorriso, pleno de simpáticos dentes, e exclama escandalosamente na direção da mesa: “Faaala aí, Zé do Pééé!” Que nosso herói, com o seu peculiar e exclusivo timbre de voz, retruca: “Ôô...Walter! Vê se não me chateia!”

Post Scriptum: essa é a versão, dentre inúmeras, considerada  a “mais verdadeira”. O próprio Zé do Pé me disse!

Sócio de Jeremias Alves Pereira Filho Advogados Associados; Especialista em Direito Empresarial e Professor Emérito da UPM-Universidade Presbiteriana Mackenzie.  Araçatubense nato.

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