ARTIGO

NASCENTE

14/08/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Um soco na cara de um atleta! E a agressão parte de um profissional do mesmo clube. Traficantes e polícia aterrorizam uma cidade litorânea. A violência está se transformando rapidamente em linguagem comum, o “idioma” que as pessoas entendem. Curioso, a sociedade, no sentido mais amplo da expressão, repudia a violência. Exige enérgica reação das autoridades políticas, que inclui isento monitoramento das rondas policiais. Garantir a segurança da população representa uma das tarefas primordiais de toda administração, seja em que nível for. Sabe-se, todavia, que as reais soluções nunca vêm de cima. Graves e difusos desvios comportamentais nascem e se cultivam no varejo da sociedade. É verdade indigesta, mas a maioria dos cidadãos cultiva impulsos agressivos.

É doutrina acadêmica que todo ser humano carrega instintos agressivos. Todo cidadão admite que já reagiu de maneira passional nas vezes quando se viu ameaçado. Indivíduos reconhecem a presença de natural antipatia para com certas pessoas, a quem tratam como “outros”, no sentido de que não merecem tratamento igual a que se oferece aos do “nosso círculo”. Mesmo que muitos, felizmente, não chegam a causar danos físicos a esses “estranhos”, no entanto, o viés intolerante está presente, de forma camuflada, no jeito de tratar. Mata-se “mentalmente” muita gente! São muitos os hematomas provocados na alma. Basta reparar as imensas multidões que a “classe educada” ignora e empurra para a invisibilidade! Indiferença também é cruel barbárie! Também sangram as cicatrizes provocadas na autoestima. Urge admitir a existência deste maligno instinto que instiga reações agressivas. Recusar reconhecer esta conatural inclinação para a intolerância, representa injustificável isenção de responsabilidade para com o atual clima de intranquilidade. Favorece, igualmente, omisso comodismo. Reconhecer a presença deste sutil, e pernicioso, desvio comportamental configura o início efetivo da reversão do instinto hostil alojado no subconsciente de cada cidadão.

Educar-se no espírito radicalmente comunitário representa o mais valioso contraponto ao crasso proceder violento. Só há comunidade onde existem “outros”. Urge proceder a uma profunda limpeza da lente da consciência que induz a perceber ser possível existirem paralelas verdades além das próprias, a admitir que nem sempre se está certo, a reconhecer que “o outro” também tem direito de ganhar. Que esse “outro”, enfim, mesmo que não professe o mesmo catecismo, também é gente! Também é digno! Também merece viver feliz! Reprise-se a indigesta verdade: cada cidadão é responsável por este absurdo clima de estúpida violência. O impulso colérico é um demônio alojado no íntimo de ser humano. Quanto mais rápido e energicamente exorcizado, mais factível se torna a esperança de um convívio comunitário sereno e tranquilo. A nascente da paz se encontra em corações repaginados!

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