DUPLO HOMICÍDIO

Caso Fernandão Motos: bens do casal vítima de assassinato viram discórdia entre famílias

Por Jaqueline Lopes |
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação
Fernando e Idalina foram executados no estabelecimento em que eram proprietários, na rua Bolívia; Fernando foi alvejado com pelo menos oito dos 20 tiros
Fernando e Idalina foram executados no estabelecimento em que eram proprietários, na rua Bolívia; Fernando foi alvejado com pelo menos oito dos 20 tiros

Mãe de Idalina Fernades Neta, uma das vítimas do duplo homicídio praticado na loja Fernandão Motos e que ganhou grande repercussão na cidade, no fim de junho, EAA, 59 anos, registrou boletim de ocorrência por exercício arbitrário na manhã de segunda-feira (07) contra a mãe do genro, a outra vítima dos assassinatos.

Fernando Augusto de Oliveira também morreu no crime ocorrido no estabelecimento em que ele e Idalina eram proprietários, na rua Bolívia, em Araçatuba. Os homicídios aconteceram por volta das 11h30 e foram praticados dentro da loja, localizada no cruzamento das ruas Bolívia e São Leopoldo, no bairro Planalto.

Dois homens em uma moto vermelha chegaram ao local e fizeram cerca de 20 disparos nas duas vítimas. Oliveira estava no balcão quando foi atingido. Idalina foi alvejada quando tentava escapar dos criminosos rumo aos fundos da loja.

EAA acusa a mãe e o irmão de Fernando Oliveira. Segundo ela, eles se apossaram dos bens do casal e não separaram a parte que é de direito de Idalina. Ela compareceu à Central de Flagrantes da Polícia Civil, junto com seu advogado, para representar criminalmente contra a mãe de Fernando.

EAA sustenta que, já no dia do crime, a família do genro retirou da loja de 20 a 30 motocicletas que estavam à venda no estabelecimento. Os parentes de Fernandão também teriam ido à casa em que ele e Idalina moravam e levado bens do imóvel.

Segundo o BO, a família do comerciante se apossou de geladeiras, figrobares, televisores, máquina de lavar roupa, micro-ondas, churrasqueira elétrica, fogão industrial, diversos relógios de marcas variadas, perfumes e calçados, além de todos os móveis.

Na ocasião, a família de Idalina registrou boletim de ocorrência por furto, acreditando que algum desconecido havia entrado na residência e levado os pertences do casal.

EAA assegura ter procurado pelo irmão de Fernando para que ele devolvesse a ela parte dos bens e das motocicletas, porém o rapaz teria lhe dito que os veículos não tinham notas fiscais.

Dois dias após o sepultamento do casal, as famílias se reuniram na casa da mãe de Fernando e ela apresentou dez motocicletas como bens disponíveis, tendo entregado cinco para EAA, recusando-se a dar mais explicações sobre o restante dos veículos retirado do estabelecimento.

EAA ainda faz questionamento sobre alguns bens que estavam na loja, como micro-ondas, ventilador, carregador de bateria portátil e drone DJI, além de vários jogos de rodas aros 20 e 22.

VERSÃO DA OUTRA FAMÍLIA

A reportagem da Folha da Região entrou em contato com o irmão de Fernando. AO garantiu que não deve nada para EAA porque ele próprio não ficou com nada de valor e que ainda perdeu o mais importante: "a vida do meu irmão".

Segundo AO, a sogra de seu irmão não explicou o porquê de não ter citado no boletim de ocorrência que um sobrinho dela foi quem inicialmente ficou de posse da bolsa de Idalina sob a alegação de precisava dos documentos da mulher. "Em nenhum momento, pedi que justificasse isso", afirmou.

No caso do furto no imóvel do casal, lembra o irmão de Fernando, foi ele quem chamou o profissional para abrir o portão da casa, já que a chave havia sumido, e descobriu que a residência havia sido invadida. Ele, inclusive, teria feito questionamentos sobre o desaparecimento da chave.

AO ainda sustenta que também chamou a polícia e registrou o boletim de ocorrência do furto. E garantiu que tem "nome e consciência limpos" e que não vai permitir que sua reputação seja manchada — já contatou o advogado da família e aguarda ser chamado para prestar depoimento sobre as acusações, que, segundo diz, são infundadas.

O irmão de Fernando Oliveira afirmou à reportagem que os bens do casal, segundo a lei, devem ser repassados ao filho fruto de outro relacionamento do comerciante, único herdeiro, já que Idalina e o marido não tiveram filhos. E que as acusações de EAA ocorrem apenas por ela não aceitar que não tem direito a qualquer dinheiro.

O CRIME

Fernando levou a maioria dos tiros, oito no total. Seis disparos atingiram a região da cabeça do comerciante. A mulher tentou fugir pela saída dos fundos da loja, mas foi alvejada com pelo menos quatro disparos na região do tórax. Os dois morreram no local.

Os autores do duplo homicídio fugiram na motocicleta, de acordo com populares. A dupla, que ainda não foi localizada pela polícia, teria seguido pela rua São Leopoldo em direção à rua Porangaba.

O local do crime precisou ser interditado para perícia, que apreendeu na loja de motos folhas de cheque e promissórias preenchidas, cápsulas de munição para pistola, dois aparelhos de telefone celular e uma quantia em dinheiro no bolso da calça de Idalina.

Peritos chegaram a informar que, conforme investigação prévia, Oliveira pode ter entrado em luta corporal com um dos autores dos tiros. Um inquérito foi aberto para investigar o caso. Parentes informaram que havia pessoas que deviam dinheiro para o casal.

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