ARTIGO

Zé do Pé e sua conta bancária

Por Jeremias Alves Pereira Filho | 26/06/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Lembrete:

Casos do Zé do Pé, contados pelo próprio, podiam ser verdadeiros ou não. Pouco importava, pois fato é que eram ditos com tamanha eficiência que os ouvintes os tinham como verdade e ouviam como chiste, no que ele era doutor “honoris causa”...

O caso:

Zé do Pé não tinha conta em banco, muito embora convivesse com os donos de grandes instituições financeiras, o que lhe bastava. Foi por acaso que o Zé abriu uma conta na agência da rua Augusta, do Banco Nacional S/A, o do famoso “guarda-chuva” que patrocinava o, não por acaso, Jornal Nacional da TV Globo, em cujo banco, na época, era vice-presidente o saudoso Oscar Pedroso Horta Filho, pessoa cem por cento cordial e amável. Oscar também frequentava o bar do Paddock como antigo amigo e convidado do Flávio “Mulata” Lopes Coelho, em cujo protegido ambiente encontrava personagens da boêmia, como Jangadeiro,  Jota, Edmundo Furtado, Olavo Drummond, Julinho Parente, e, claro, o Zé do Pé, que logo viu como um potencial correntista do Nacional, então na crista da onda do marketing em início de carreira..

Assim, Oscar apresentou o gerente da agência Augusta ao Zé, que, é claaaaro, lá compareceu devidamente trajado de rico pecuarista de Araçatuba, proprietário de fazendas, muito gado no Mato Grosso e homem de negócios de petróleo no Rio de Janeiro. Preenchidas as fichas cadastrais, saiu do banco o Zé do Pé com enorme crédito, cartão idem e portando um temível talão de cheques. De vez em quando, ao receber gorda comissão por intermediar negócio de gente grande, o Zé não tinha saída senão receber o valor em crédito na sua inédita conta corrente, que, dessa forma, apresentava ocasionais e surpreendentes saldos positivos, rapidamente consumidos.

Enquanto a maré lhe era favorável, a conta bancária do Zé do Pé fluía em marolas financeiramente confortáveis, sem acusar qualquer deslize naquela respeitada instituição financeira. Entrava dinheiro e saia dinheiro constantemente, tanto que o Zé até se acostumou com a facilidade proporcionada pelo talão de cheques, porque bastava assinar uma folha de papel para consumir os bons produtos que sempre consumiu e até mesmo pagar contas esquecidas, que, por esse motivo, deliberou lembrar e pagar, pois quitar era uma das suas obsessões, nem sempre concretizada pela falta de matéria prima.

Eis que numa fria manhã de outono, em plena segunda-feira, toca o telefone do seu apartamento no Hotel Jaraguá, tendo, do outro lado da linha, o aflito gerente do Banco Nacional, agência Augusta: “Sr. José Paulo (esse era seu nome, lembram?), o senhor precisa fazer um imediato depósito na sua conta, que está a descoberto além do limite de crédito.” No que o Zé, com o sabido tirocínio, retrucou: “Sr. Gerente, quanto tinha de saldo positivo na minha conta na segunda-feira passada?”. “Cinquenta milhões(em moeda da ocasião)”, respondeu apreensivo.  “E eu, por acaso, lhe telefonei de madrugada para reclamar do banco?”, arrematou firme o Zé do Pé, antes de desligar o telefone.

Post Scriptum: mais informações basta enviar para meu endereço eletrônico, mesmo ainda duvidando dos caso do Zé do Pé: jeremias@jeremiasadv.com.br 

Sócio de Jeremias Alves Pereira Filho Advogados Associados; Especialista em Direito Empresarial e Professor Emérito da UPM-Universidade Presbiteriana Mackenzie.  Araçatubense nato.

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