ARTIGO

Inteligência artificial coloca humanos em risco?

Por Ayne Regina Gonçalves Salviano | 09/06/2023 | Tempo de leitura: 3 min

“O Exterminador do Futuro” é um clássico do cinema mundial. Dirigido por James Cameron, o filme conta a história de um robô assassino disfarçado de humano, interpretado por Arnold Schwarenneger, que viaja no tempo, de 2029 para 1984, para matar uma mulher, Sarah Connor.

Ela será, no futuro, a mãe do líder rebelde que lutará contra a Skynet, um sistema de inteligência artificial que detonará o holocausto nuclear. Por isso a empresa quer eliminá-la antes de ela engravidar. O sucesso foi tamanho que a obra teve continuidade até muito recentemente.

O mesmo aconteceu com “Blade Runner – O caçador de Androides”, outro clássico, dirigido por Ridley Scott, que conta a história de um romance policial futurístico.

Dick Deckard, interpretado por ninguém menos do que Harrison Ford, é um caçador de replicantes, como são chamados os humanoides artificiais criados pela Corporação Tyrell para trabalhar na exploração das colônias terrestres.

As criaturas, à nossa imagem e semelhança, são, porém, mais fortes e potencialmente mais inteligentes, ou seja, representam risco e por isso precisam ser destruídas.

Como “O Exterminador do Futuro”, “Blade Runner” não teve apenas um filme, o público quis mais, talvez antecipando o dilema que a sociedade internacional discute hoje: é preciso frear a inteligência artificial?

No último dia 22 de março, mais de 1 mil especialistas da área de computação e empresários do ramo da tecnologia do mundo todo pediram, em carta aberta, uma pausa de pelo menos seis meses no desenvolvimento de tecnologias de IA (inteligência artificial).

Entre as personalidades que assinaram o texto estão desde o bilionário Elon Musk, fundador da Tesla, até o cofundador da Apple, Steve Wozniak; o diretor da Stability AI, Emad Mostaque, e o filósofo Yuval Harari, entre outros.

Qual o receio de todos eles? Que a IA destrua a humanidade. Isso seria possível ou é só roteiro de cinema?

Segundo Mo Gawdat, ex-diretor do setor de pesquisas e desenvolvimento de produtos do Google, em um podcast recente, a IA enxergará, muito em breve, a humanidade como “escória” e se os robôs não forem freados, criarão armas próprias para dominarem o mundo (e os humanos). Parece impossível para você? Os especialistas afirmam que não é.

Particularmente não consigo vislumbrar esse universo, que ainda me parece distante. Hoje, penso que as ferramentas de inteligência artificial matarão os seres humanos sim, mas de burrice. Isso mesmo.

Usando a IA para produzir rapidamente o que deveria ser estudado, pesquisado, testado, ponderado, analisado inclusive com os valores da sociedade, o que os humanos estão fazendo é, apenas, aumentar a desinformação, o que levará à extinção.

Exagero? Não é. Qualquer professor hoje sabe que passar um trabalho de pesquisa para aprofundamento de estudo é perder tempo. O estudante faz uma busca na internet e o trabalho está pronto, escrito inteiro, por exemplo, pelo ChatGPT.

Não há pesquisa, leitura, resumo, análise de dados e escrita pelo humano. Portanto, esse estudante não aprende. E se não aprende, não pode colocar em prática com segurança. Pensem em quantos médicos, engenheiros, advogados, professores, entre tantos outros profissionais, serão formados assim, inclusive em cursos superiores presenciais.

O fim da humanidade, então, não me parece que acontecerá em uma grande guerra cinematográfica, mas sim em valas comuns da ignorância quando os humanos acreditarão mais em fake news do que na verdade.

E assim pararão de tomar vacinas, por exemplo, e morrerão de gripe, ou de qualquer outra doença que estava extinta, mas que voltaram. 

Ayne Regina Gonçalves Salviano é jornalista e mestre em Comunicação e Semiótica.

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