ARTIGO

Zé do Pé e o avião do Semi

Por Jeremias Alves Pereira Filho | 09/06/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Lembrete:

Passagens ocorridas e/ou criadas pelo  Zé do Pé foram tantas e peculiares que circularam a granel, como se fossem piadas de domínio público. Mas sempre com um toque pessoal do transmissor acrescentando ou tirando algo do feito original....

O caso:

Zé do Pé não era um só, como Millôr Fernandes definiu num belo dia o Vinicius de Moraes que, caso fosse, devia se chamar Vinício de Moral. O nome do Zé nunca esteve no plural, mas ele sempre foi. Digo isso para justificar o caso de hoje,  verdadeiramente acontecido com ele no tempo em que fato era simplesmente fato! Mas podia virar piada...

Rolavam pacificamente os brutos anos finais de 1970 no “exílio” do Paddock, no qual até militar virava paisano. Para o grupo de boêmios conhecidos, a mesa em que se encontrasse o Zé do Pé era uma aventura etílico-humorística sem fim. Claro que, esgotados todos, a aventura acabava. Naaão! Apenas entrava em “modo suspensão” para continuar a qualquer momento,  no mesmo dia ou em outro qualquer, sem data marcada. Assistia o epílogo quem estivesse por perto.

Frequentava esporadicamente – bastante! - o grupo do Paddock o fazendeiro Semi Rodrigues, digo, Serafim Rodrigues de Moraes, de vastas terras e boiadas no Mato Grosso do Sul, empresário e dono do Agrobanco, instituição financeira própria e com sede única na avenida Ipiranga, então no sofisticado trecho entre a avenida São João e rua Major Sertório, de cara para a Nova Central do Bradesco, ao lado do Copan, famoso prédio ondulado de autoria genial do gênio Oscar Niemeyer.

Até quem não tinha boiada era cliente do Agrobanco, o “banco do Semi”, que emprestava dinheiro a quem pedisse e patrocinava festas incomparáveis na sede da Ipiranga, e, eventualmente, o Zé do Pé, quando em “atividade comercial” no seu escritório numa mesa do Paddock. Aliás, o Zé era um “conglomerado empresarial”, pois em todos os bares que frequentava mantinha filial numa ou noutra mesa. Até balcão de bar servia...para uísque e negócios.

E foi lá no bar do Paddock que Semi, proprietário de um avião recém vendido a amigo comum de ambos, resolveu “contratar” o Zé como corretor da transação já feita e então sigilosa, simplesmente pela mera oportunidade de proporcionar-lhe o faturamento de uma simpática comissãozinha pelo negócio. Dito e feito, o Zé do Pé ficou encarregado pelo Semi de receber o cheque – não existiam transações eletrônicas -  da primeira parcela do preço da venda do avião e sua respeitosa comissão de intermediador, o que aceitou sem pestanejar firmando contrato verbal com um estalar de copos plenos de Haig com gelo, servidos como testemunhas.

Semana seguinte, de retorno de Andradina à capital, Semi encontrou-se casualmente com o Zé no Paddock e lhe perguntou em voz alta para todos ouvidos: “E aí Zé, tudo certo com o negócio do avião?”. Ao que o Zé, dono de voz tonitruante e vitoriosa, como um raio respondeu: ”Tudo certo, Semi. Minha comissão já recebi!”. Para gargalhadas gerais pelo fato que todos já conheciam, contado pelo próprio Zé do Pé. Virou piada nacional. 

Post Scriptum: mais informações basta enviar para meu endereço eletrônico, mesmo ainda duvidando dos caso do Zé do Pé: jeremias@jeremiasadv.com.br 

Sócio de Jeremias Alves Pereira Filho Advogados Associados; Especialista em Direito Empresarial e Professor Emérito da UPM-Universidade Presbiteriana Mackenzie.  Araçatubense nato.

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