OPINIÃO

REFERÊNCIA

A raiz do mal sem dúvidas chama-se soberba, foi assim com Adão e Eva nos primórdios da existência, Jesus Cristo veio na contramão disso e se tornou referência de humildade.

Por Padre Charles | 09/04/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Reprodução Internet

Cristo foi e é referência de amor, acolhimento, fraternidade e caridade
Cristo foi e é referência de amor, acolhimento, fraternidade e caridade

Modelos priorizam atenções. Normalmente, associam-se os predicados dos modelos a atributos externos que por sua excelência inspiram emulação.  O ser humano concebe o sucesso como um processo subjetivo ascendente, galgando degraus até alcançar o topo da fama. O substrato natural embutido nesta dinâmica é a ambição. Quando, todavia, esse impulso motivador fica demasiadamente sujeito ao culto da personalidade, a probabilidade de deixar rastros de abusos, explorações e manipulações, cresce enormemente.

O mundo cristão celebra a vitória de um protótipo alternativo, Jesus Cristo! É preciso destacar com ênfase que Cristo enfrentou o grande vilão da humanidade que é a ambição desmedida que distorce valores, vicia análises e atrapalha entendimentos. A raiz do mal que desfigura o ser humano chama-se soberba, com seus naturais afluentes da pretensão e da arrogância. Foi justamente a presunção de querer se igualar a Deus que rompeu a comunhão original entre o divino e humano, quebrou a harmonia com a natureza e transtornou o convívio pacífico entre a família humana. À medida que essa ambição persiste, inebriando a alma humana, tragédias se sucedem ininterruptamente. Na sociedade moderna, a regra básica é garantir o próprio conforto, assegurar vantagens enfim, pouco se importando com o desconforto que possa ser provocado na vida de terceiros. Para desqualificar a perversão dessa excessiva concentração personalista, o Senhor Jesus adota e propõe o caminho do esvaziamento.

 Marcados certamente pelo impacto vital da ressurreição, os primeiros seguidores foram se compenetrando da profunda e libertadora estratégia divina. Jesus adota o caminho inverso de Adão, que sendo homem ambicionou ser deus! Cristo, sendo Deus, esvazia-se de sua condição divina e assume a condição humana. Buscando reforçar a lição de humildade, rebaixa-se ainda à condição do mais desprestigiado entre os seres humanos, o escravo. Literalmente, Cristo ocupa o último lugar, e desce ainda um degrau de desprestígio ao oferecer sua vida a morrer na cruz. Em sintonia com a vontade do Pai, Jesus refaz, na contramão e pedagogicamente, o caminho do Adão. A presunção degrada o ser humano, causa conflitos e desilusões. O Homem quer ser livre, Deus também assim o quer. O caminho é o esvaziamento de si em favor do semelhante, desapego que reduz drasticamente áreas de conflito e favorece sobremaneira o convívio pacífico duradouro.

Justifica-se o júbilo que reveste a celebração da ressurreição do redentor! Jesus Cristo é o modelo a ser contemplado e imitado! A humanidade, e não somente o crente, possui, enfim, a referência infalível para uma plena e universal realização, a virtude da humildade. Celebrar a ressurreição de Cristo representa, em última instância, rejubilar-se por reencontrar e reassumir o caminho da despretensiosa e generosa caridade. É a Páscoa do coração!       

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