PÁSCOA

Páscoa: a humanidade precisa renascer

No domingo de Páscoa, os cristãos comemoram o renascimento daquele que morreu na cruz para livrar todos os homens do pecado

Por Ayne Regina Gonçalves Salviano | 09/04/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Reprodução Internet

Em comparação com a crescente no número da violência é estranho imaginar que muitos se proclamem seguidores de um homem que ensinou o amor e compaixão
Em comparação com a crescente no número da violência é estranho imaginar que muitos se proclamem seguidores de um homem que ensinou o amor e compaixão

Começo esse texto enfatizando aos leitores que não sou – e nem pretendo ser - especialista em religião. Nem esse artigo pretende ensinar conceitos, terminologias e afins sobre esse assunto.

Farei, apenas, uma análise entre as palavras, as narrativas e os fatos recentes do cotidiano brasileiro na tentativa de ajudar algumas pessoas a pensarem como o título desse artigo (Páscoa: a humanidade precisa renascer) precisa ser colocado em prática rapidamente se quisermos continuar a ter alguma esperança.

Comecemos do início. Para quem não sabe, a palavra Páscoa significa “passagem”. E a comemoração que os cristãos fazem hoje é um evento que surgiu antes mesmo do Cristianismo. Ela nasceu na tradição judaica em memória da libertação do povo hebreu da escravidão no Egito.

Com o nascimento do Cristianismo, a Páscoa passou a significar, para esse grupo de seguidores de Jesus Cristo, uma série de eventos que vão desde o fim da Quaresma (período de sacrifícios como o jejum), passando pelo Domingo de Ramos (quando Jesus retorna à Jerusalém), pela última ceia com os discípulos, até a prisão, a crucificação, a morte e a ressurreição dele.

Hoje, então, no domingo de Páscoa, os cristãos comemoram o renascimento daquele que morreu na cruz para livrar todos os homens do pecado.

Mas, ao mesmo tempo que os cristãos vivenciavam momentos importantes da religião ao longo da semana que passou, os veículos de comunicação do país mostraram cenas do cotidiano de uma sociedade que certamente desconhece os princípios de Jesus Cristo, apesar de se autoproclamar cristã.

Começo citando o caso do massacre na escola de Blumenau em Santa Catarina, fato mais recente enquanto escrevo. Como ainda estamos no início da semana, pode ser que algo mais grave ainda ocorra, mas eu espero que não.

O que faz um homem de 25 anos invadir uma creche e matar quatro crianças indefesas e ferir outras com um machado? É doente psiquiátrico? Faz parte de algum grupo da internet que se retroalimenta desse tipo de violência?

Antes dele, um garoto de 13 anos também invadiu uma escola, matou uma professora de 71 anos e feriu outros colegas de turma porque não aceitou ser chamado a atenção depois de um episódio racista. E a família? Os pais não procuraram ajuda quando o filho foi convidado a se retirar de uma outra escola porque era visto como ameaça?

Na mesma época, um frentista de posto se sentiu no direito de jogar combustível em um cliente e atear fogo nele, inclusive colocando em risco todas as pessoas que estavam no local, depois de um desentendimento por uma chave de carro quebrada.

E até um juiz de Direito, responsável por garantir as leis, violentou a esposa (e outras mulheres) de várias formas, por muito tempo, até que ela conseguiu fugir e provar as acusações, mas ele continua impune, apenas afastado do trabalho. Que exemplo é esse para a sociedade?

A verdade é que essa conta não fecha. Com milhões de brasileiros se autoproclamando cristãos, seguidores do homem que só ensinou o amor, a compaixão, a empatia e o altruísmo, como explicar o aumento desesperador dos índices de violência em todos os espaços: família, escola e sociedade?

Definitivamente, a humanidade precisa renascer.

Ayne Regina Gonçalves Salviano. Jornalista, professora e empresária do ramo educacional em Araçatuba e Birigui.

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